Publicado em 11 Fev. 2018 às 20:53, por filmSPOT, em Notícias de cinema (Temas: Indústria cinematográfica, Cinema Europeu, Bastidores)
O realizador austríaco de "Amor" e "O Laço Branco", vencedor de um Oscar e duas Palmas de Ouro em Cannes, receia que se estejam a destruir vidas e carreiras a partir de acusações sem provas.
O realizador austríaco Michael Haneke criticou o movimento #MeeToo, criado nos EUA para apoiar a denúncia de abusos sexuais na indústria do entretenimento.
Vencedor de um Oscar para melhor filme estrangeiro e de duas Palmas de Ouro do Festival de Cannes, Haneke, de 75 anos, revelou estas opiniões numa entrevista ao jornal Kurier, do seu país, publicada a 9 de fevereiro e citada na edição francesa do Huffington Post.
"Como artistas, começamos a sentir medo à medida que somos confrontados com esta cruzada contra qualquer forma de erotismo", disse. "Este novo puritanismo salpicado de ódio aos homens que chega com o movimento #MeToo, preocupa-me", acrescentou.
Deu como exemplo o filme "Império dos Sentidos", do japonês Nagisa Oshima, "uma das mais profundas reflexões sobre a sexualidade" que, segundo ele crê, nunca seria produzido nos nossos dias.
O autor de "Amor", "Laço Branco" e "Happy End", entre outros, deixou bem claro que "toda a forma de violação e coação é punível", mas considera "este pré-julgamento histérico que se está a espalhar agora é absolutamente repugnante".
Haneke, crítica o que julga ser uma "raiva cega, alheia aos factos" e "os preconceitos que destroem pessoas cujos crimes, em inúmeros casos, não foram provados". E conclui que estas pessoas "estão a ser simplesmente assassinadas pelos media, arruinando assim vidas e carreiras".