Publicado em 21 Nov. 2019 às 17:33, por filmSPOT, em Notícias de televisão e séries (Temas: Estreias)
O canal História estreia, a 27 de novembro, pelas 22h15, "Gulag", uma minissérie em três partes incluída na programação especial do 20º aniversário do canal, onde se narra o funcionamento dos campos de concentração soviéticos desde a Revolução Russa até à era Gorbachov, passando pela guerra civil, o Grande Terror, a Segunda Guerra Mundial, a Guerra Fria e a morte de Estaline.
Através das experiências de inúmeros protagonistas, tanto carrascos como vítimas, esta série desvenda a história do Gulag com fontes documentais inéditas e a ajuda de historiadores e especialistas como Nicolas Werth.
"Gulag" tenta mostrar como e por que razão a URSS criou este sistema de campos de trabalhos forçados onde 20 milhões de prisioneiros foram barbaramente explorados.
Os primeiros campos de concentração foram criados em 1918, meses depois da revolução de outubro. O novo regime bolchevique queria livrar-se dos opositores políticos e reeducar os chamados "elementos associais" através do trabalho. A primeira experiência em grande escala decorreu no arquipélago de Solovki: milhares de presos políticos e pessoas comuns, homens e mulheres, foram escravizados em condições desumanas.
Depois de morte de Lenine em 1922, Estaline sobe ao poder e ordena a rápida industrialização do país, e o aumento do ritmo de coletivização das terras, o que provocou fomes e morte. Gigantescos campos de trabalho e extermínio foram estabelecidos nas zonas mais remotas, como Kolimá, na Sibéria. A GPU, a Polícia política do estado, que tinha como missão purgar e regenerar a população, enviou centenas de milhares de russos para estes campos.
Aclamado no XVII Congresso do Partido Comunista em 1934, Estaline põe em marcha os campos do canal Volga-Moscovo e manda construir uma nova via férrea transiberiana. A NKVD, que veio substituir a GPU, multiplica a criação de campos e transforma o Gulag numa verdadeira indústria. O número de presos ultrapassa o milhão em 1935.
Os julgamentos de Moscovo, a montra do Grande Terror, escondiam a repressão exercida sobre a sociedade soviética. As execuções em massa e as detenções arbitrárias multiplicavam-se. Em janeiro de 1939, no Gulag, já trabalhavam dois milhões de presos.
A 22 de junho de 1941, a Alemanha ataca a União Soviética e, um ano depois, as condições no Gulag são ainda mais deploráveis, com a fome e as doenças a arrasarem a população reclusa. Em 1945, apesar da vitória soviética sobre a Alemanha nazi, o arquipélago do Gulag, fornecedor de matérias-primas essenciais, continua a desenvolver-se.
Os presos e a população dos novos territórios ocupados no Leste, como os Polacos, foram considerados suspeitos de sentimentos anti-soviéticos e muitos foram enviados para os campos. A situação das mulheres, que representavam uma quarta parte dos detidos, era dramática. Nos finais da década de 1940, dois milhões de prisioneiros apinhavam-se nos campos, em condições de sobrevivência extrema que, pouco a pouco, viriam a conduzir ao decréscimo da sua rentabilidade económica.
A 5 de março de 1953, com a morte de Estaline, um milhão de prisioneiros são libertados. Em 1956, Khrushchev denuncia os crimes de Estaline e provoca grande comoção por todo o país. O Gulag começa a desaparecer.
Em 1973, a publicação do ensaio "O Arquipélago Gulag" de Alexandr Solzhenitsyn, obtém repercussão internacional e derrubar o muro da indiferença. Após a queda do Comunismo, Moscovo quis virar a página na história. As marcas do Gulag começam a ser apagadas gradualmente da paisagem e da memória do povo russo.