Festival de Sundance 2023: 10 filmes a acompanhar

Hoje começa o Festival de Sundance, montra do cinema independente norte-americano, de volta às edições presenciais sem restrições após os sucedâneos limitados e online por culpa do COVID.

Nascido em finais dos anos 70 com a bênção inspiradora de Robert Redford, Sundance acolhe produções externas aos maiores estúdios na pequena localidade montanhosa de Park City, no Utah.

O festival está dividido em cinco principais secções competitivas, separadas entre ficção e documentário, produções norte-americanas e estrangeiras, a que se junta a secção Next destinada a novas obras, e segmentos dedicados a cinema experimental, antestreias, terror e fantástico e curtas-metragens.

Dos títulos selecionados para a edição 2023 destacamos 10.

Bad Behaviour (Competição World Cinema - ficção)

Alice Englert, Austrália

Primeira longa-metragem da filha de Jane Campion. Comédia negra sobre Lucy (Connelly), uma antiga actriz infantil que procura esclarecimento num retiro do líder espiritual Elon (Whishaw) enquanto enfrenta uma turbulenta relação com Dylan (Englert), a sua filha que trabalha como dupla de cinema.

Heroic (Competição World Cinema - ficção)

David Zonana, México

No seu segundo filme, Zonana lança um olhar crítico sobre as instituições militares mexicanas para contar a história de Luis, que aos 18 anos se alista como cadete na esperança de se tornar um oficial e apoiar a família em dificuldades. Na escola governada por rígidas regras de conduta, onde o treino militar é combinado com rituais de abuso, Luis chama a atenção do sádico Sargento Sierra.

Sorcery (Competição World Cinema - ficção)

Christopher Murray, Chile

Com base em acontecimentos reais, Christopher Murray dirige um conto de vingança enraizado no conflito entre colonos alemães e o povo Huilliche. Na ilha de Chiloé, em 1880, uma menina Huilliche de 13 anos vê o pai ser morto por um colono. Renuncia à educação cristã e procura abrigo com Mateo (Daniel Antivilo), o líder de uma organização indígena que pratica bruxaria.

Magazine Dreams (Competição norte-americana - ficção)

Elijah Bynum, EUA

Jonathan Majors interpreta um culturista amador que leva corpo e mente ao limite apesar dos avisos dos médicos que o advertem sobre os danos permanentes que pode sofrer.

The Pod Generation (Secção Premiere)

Sophie Barthes, EUA

Sátira social ao excesso de tecnologia, "The Pod Generation" acompanha um casal, interpretado por Emilia Clarke e Chiwetel Ejiofor, que vive num futuro não muito distante onde úteros artificiais destacáveis permitem uma gravidez mais confortável.

Cassandro (Secção Premiere)

Roger Ross Williams, EUA

O primeiro realizador afro-americano a ganhar um Oscar ("Music by Prudence", documentário, curta-metragem, em 2010) faz a estreia na ficção com a história de Saúl, interpretado por Gael García Bernal, um lutador gay que decide criar uma personagem que ficaria conhecida como o "Liberace da luta livre".

Cat Person (Secção Premiere)

Susanna Fogel, EUA

Emilia Jones (CODA) e Nicholas Braun (Succession) dão corpo a um casal composto por uma jovem e um homem mais velho e ilustram os problemas, desconfortos e momentos incómodos que se amontoam nesta estranha e imprópria relação.

Eileen (Secção Premiere)

William Oldroyd, Reino Unido

Novo filme de Oldroyd após a boa recepção de "Lady Macbeth". A ação muda para a Boston dos anos 60 e a personagem principal é a reservada secretária de uma prisão (Thomasin McKenzie) que trava estreita amizade com uma nova funcionária (Anne Hathaway) e acaba envolvida num crime chocante.

The Disappearance of Shere Hite (Competição norte-americana - documentário)

Nicole Newnham, EUA

O "Hite Report", um estudo pioneiro das experiências íntimas das mulheres, foi um sucesso de vendas em 1976. Extraído de respostas a inquéritos anónimos, o livro desafiou concepções restritivas do sexo e abriu um diálogo na cultura popular em torno do prazer das mulheres. A sua carismática autora foi Shere Hite, uma investigadora feminista de que poucos se lembram hoje. O documentário tenta responder à pergunta: "o que levou ao seu apagamento da história?"

20 Days in Mariupol

Mstyslav Chernov, Ucrânia

O cineasta e jornalista ucraniano Mstyslav Chernov abre uma janela sobre as práticas dos repórteres em zona de conflito num relato inflexível e angustiante dos 20 dias que ele e os colegas Evgeniy Maloletka e Vasilisa Stepanenko passaram a cobrir o cerco de Mariupol.