Cartaz de cinema

"O Síndrome do Vinagre" por Samuel Andrade
Em memória de Ennio Morricone (1928 - 2020), "Il Maestro"

Publicado em 6 Jul. 2020 às 18:12, por Samuel Andrade, em Opinião (Temas: Síndrome do Vinagre)

Em memória de Ennio Morricone (1928 - 2020), "Il Maestro"

O compositor morreu hoje aos 91 anos.

No dia em que a cinefilia lamenta a morte de Ennio Morricone, aos 91 anos de idade, presta-se, igualmente, a homenagem a um dos mais populares compositores de bandas sonoras para cinema e televisão.

Oriundo de uma família de músicos (o seu pai, Mario, foi trompetista de carreira) e com formação em música clássica e coral, Ennio Morricone assinaou a sua primeira banda sonora em 1959, para o filme "Morte di un amico", do realizador Franco Rossi.

Nos anos 60, período que formou o reconhecimento inicial da sua carreira, compôs para realizadores italianos como Lina Wertmüller, Marco Ferreri e Elio Petri. Contudo, foi em "parceria" com Sergio Leone (para o western "Por Um Punhado de Dólares", de 1964) que a música de Morricone se tornou realmente notada.

Para além da autoria das influentes partituras de outros filmes de Leone – em especial, "O Bom, o Mau e o Vilão" (1966), "Aconteceu no Oeste" (1968) e "Era Uma Vez na América" (1984) –, Morricone assinou, ao longo de quase seis décadas de atividade, bandas sonoras de relevo para outros cineastas reputados: Gillo Pontecorvo ("A Batalha de Argel", 1966), Sergio Corbucci ("Pistoleiro Profissional", 1968), Don Siegel ("Os Abutres Têm Fome", 1970), Dario Argento ("O Gato das Sete Vidas", 1971), Pier Paolo Pasolini ("Salò ou Os 120 Dias de Sodoma", 1975), Bernardo Bertolucci ("1900", 1976), Samuel Fuller ("O Cão Branco", 1982), John Carpenter ("Veio do Outro Mundo", 1982), Giuseppe Tornatore ("Cinema Paraíso", 1988) e Quentin Tarantino ("Os Oito Odiados, de 2015, pelo qual ganhou o Oscar).

Paralelamente ao cinema, Ennio Morricone foi autor de mais de 100 obras clássicas, pertenceu ao famoso coletivo de composição Gruppo di Improvvisazione Nuova Consonanza e assumiu diversos trabalhos musicais ao lado de artistas como Michel Legrand, Chico Buarque, Laura Pausini, Dulce Pontes ou Andrea Bocelli.

Apesar da fama e do reconhecimento em torno do seu nome, Morricone viveu afastado do olhar público e de modo modesto – apesar de uma extensa participação em produções norte-americanas, recusou sempre fixar residência em Hollywood – e, talvez por isso, não existem muitos registos audiovisuais do compositor. Seja em pleno trabalho de composição, ou na confissão das suas motivações musicais, o Síndrome do Vinagre recupera, no dia do seu falecimento, cinco materiais de arquivo que possibilitam conhecer, um pouco mais, quem foi Ennio Morricone enquanto homem e artista.

Em 1971, Ennio Morricone e Sergio Leone encontram-se para uma informal participação, no programa "Pour le cinéma", sobre música e filmes – e com direito a um vislumbre do trabalho de composição por Morricone.

(fontes: Radiodiffusion-Télévision Française / INA.fr)

O jornalista Joaquín Soler Serrano entrevista Ennio Morricone, no programa cultural "A fondo", emitido pela TVE em setembro de 1980.

Ennio Morricone

(fonte: TVE – Televisión Española)

Em 1988, Ennio Morricone aceitou o convite, o Centro Sperimentale di Cinematografia, para falar de música e cinema, numa masterclass extensa e profunda.

(fonte: CSC – Cineteca Nazionale)

Documentário de 1995, realizado pelo crítico e historiador de cinema David Thompson, sobre a carreira e influência de Ennio Morricone, com os preciosos depoimentos de realizadores como Gillo Pontecorvo, Bernardo Bertolucci e John Boorman.

(fonte: BBC Films)

Em 2007, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS) agraciou Ennio Morricone com um Oscar Honorário, o qual foi apresentado e entregue por Clint Eastwood

(fonte: AMPAS)