Publicado em 8 Mar. 2017 às 15:31, por António Quintas, em Notícias de televisão e séries (Temas: Celebridades, Bastidores)
Os atores Jeffrey Dean Morgan, que interpreta a personagem Negan, Norman Reedus (Daryl) e o produtor executivo Greg Nicotero estão em Lisboa para um evento de promoção da série "The Walking Dead". Esta manhã falaram à imprensa e o filmSPOT esteve lá.
Bem dispostos, apesar do cansaço após as viagens e as entrevistas em catadupa, responderam a questões sobre "The Walking Dead".
Aqui fica o essencial do que foi dito por cada um dos intervenientes.
Norman Reedus acredita que Daryl seria como o irmão, Merle, se o apocalipse zombie não tivesse acontecido. Curiosamente, "a chegada dos mortos vivos permitiu-lhe unir-se a pessoas com quem, de outra forma, nunca se iria dar" e isso modificou-o radicalmente, para melhor.
Confessa o ator que numa das versões iniciais do argumento, Daryl tomava drogas regularmente. Reedus gostou que essa faceta tivesse sido retirada porque permitiu que a personagem "dissesse mais" ao transformar-se em "alguém que pertence realmente ao grupo", sem as limitações provocadas pelos problemas de adicção.
Sobre a influência que o tempo passado como refém de Negan, teve em Daryl, Norman Reedus está seguro de que tornou Daryl mais determinado e com um forte desejo de vingar os companheiros mortos no primeiro episódio da sétima temporada.
Perguntámos a Reedus se achava que a sua personagem se tornara indispensável à série e se essa qualidade era extensível aos outros intervenientes.
"Não creio que algum de nós pense dessa forma", retorquiu, "todos lemos os guiões e vamos logo ver o final para descobrir se ainda estamos vivos, mas nem o Rick está a salvo. A história pode seguir em qualquer direção. É como a vida real. E se começarmos a sentir que estamos safos, o Kirk [criador da série] pode tramar-nos".
Questionado sobre quem era a mãe, o rabujento e o brincalhão do elenco, Reedus confessou ser duas dessas coisas. Andrew Lincoln, o Rick da série, é "a mãezinha" do grupo, mas ele e Reedus trocam brincadeiras durante a rodagem: numa ocasião, Lincoln colocou a moto de Reedus numa barcaça e empurrou-a para o meio de um lago. Reedus vingou-se enchendo-lhe a roulotte de galinhas.
E Reedus provou ser mestre na arte de pregar partidas. A meio da troca de impressões, soa um dos telemóveis colocados na mesa dos atores para gravar a entrevista. Do outro lado está a tia de uma jornalista que se esqueceu de bloquear as chamadas. Reedus atende e diz "ela agora não pode atender, mas já lhe liga de volta".
Ator há mais de duas décadas, Morgan acha que há algo especial acerca de "The Walking Dead". Repetindo algo que já afirmou noutras entrevistas, refere-se ao ambiente que rodeia a equipa como "uma pequena bolha" que se forma nos arredores da cidade de Atlanta, no estado norte-americano da Georgia e que só após ter entrado no elenco se apercebeu até onde chegava a popularidade da série. À questão sobre como tudo isto afetou a sua vida confessou que recebe "e-mails desagradáveis", mas continua a "conseguir andar na rua normalmente".
Morgan abriu também um pouco o véu sobre o passado de Negan, que Robert Kirkman (autor da banda desenhada que deu origem à série) já terá definido. Antes do apocalipse zombie, Negan era casado e a sua mulher chamava-se Lucille (daí o nome do célebre bastão envolto em arame farpado que sempre o acompanha). Era professor de educação física, especialista em... ténis de mesa e tinha uma amante. Quando Lucille descobre que sofre de cancro, Negan decide terminar o caso e contar à sua mulher que, entretanto, já sabia de tudo.
Acerca da forma como despe a personagem do vilão, foi tranquilo na resposta. Não é um ator do método, tem uma criança pequena em casa, por isso basta-lhe despir o blusão de cabedal e regressa logo à sua personalidade. Para ele, o mais importante é concentrar-se em memorizar os diálogos porque "o Negan fala imenso".
Com evidentes cuidados em não revelar mais do que deve, o produtor, realizador de alguns episódios e criador do visual dos zombies em "The Walking Dead" falou brevemente do que se pode esperar para o final da temporada. "Está a criar-se uma expectativa", diz. "Rick está a construir o seu exército e qualquer pessoa que ele veja é um potencial soldado".
Sobre o processo usado para avisar o elenco da morte da sua personagem, Nicotero diz que, no início, chegaram a avisá-los nas roulottes, durante a caracterização, mas que agora, por uma questão de respeito, tendem a avisá-los com alguma antecedência. A propósito desta tema, contou como Scott Wilson, que interpretou Hershel, suspeitou de que o seu fim na série estaria próximo quando passou a ter maior destaque em alguns episódios e lhe perguntou "por acaso não me estão a engordar para a matança?".
Quanto à rodagem do episódio de estreia da temporada sete, considerou-o "extremamente difícil" e falou de como atores tremiam de frio e se sentiram desgastados pelas repetições ao longo de dois dias.
Em resposta à nossa questão sobre o estado da televisão no presente disse ser "fantástico! Quem estava a fazer cinema agora passou para a televisão, é inovador. Creio que com séries como 'Breaking Bad' e 'Game of Thrones' temos a possibilidade de prolongar estas histórias, não temos apenas uma janela de duas horas. Toda a gente quer que o seu entretenimento seja um pouco esticado e querem mais. Por isso, na minha opinião, está a mudar também a forma como se vê televisão. Agora já não se assista a um programa na noite em que é transmitido. Vê-se na noite seguinte, ou três dias mais tarde, ou tudo seguido como fiz com a primeira temporada de 'Game of Thrones' que vi numa só noite."
Mais logo, ao final da tarde, será o encontro com os fãs no Teatro Tivoli.
Fotos: FOX Networks Group Portugal