Publicado em 9 Feb. 2025 às 20:09, por filmSPOT, em Notícias de cinema (Temas: Temporada de prémios, Cinema Europeu)
A cerimónia de entrega de prémios da academia espanhola de cinema recompensou histórias verídicas e deu ao Brasil o seu primeiro Goya.
Houve história nos prémios do cinema espanhol com o prémio de melhor filme repartido por "El 47" e "La infiltrada". É a primeira vez nos Prémios Goya que a vitória na categoria principal é atribuída a dois filmes.
"El 47", a história de um motorista de autocarro e sindicalista que lutou por melhores transportes numa zona pobre da Barcelona dos anos 1970, baseada em factos e dirigida por Marcel Barrena, também ganhou o Goya para melhor ator e atriz secundários, entregues a Salva Reina e Clara Segura, além de ter ganho ainda os Goya para direção de produção e efeitos visuais.
Barrena dedicou o Goya ao "seu povo", à sua cidade e à sua língua, o catalão, e exigiu o direito constitucional a uma habitação condigna.
"La infiltrada", tem como base outra história verídica, a de uma mulher polícia que viveu oito anos infiltrada na organização terrorista ETA e também ganhou o prémio de melhor atriz atribuído a Carolina Yuste. Foi o segundo filme espanhol mais visto em 2024 com 1,3 milhões de espectadores nas salas de cinema.
"Segundo Prémio", de Isaki Lacuesta e Pol Rodríguez, ganhou os prémios de Melhor Realização, Melhor Som e Melhor Montagem. O mesmo número de prémios foi atribuído a "O Quarto ao Lado", de Pedro Almodóvar, vencedor nas categorias de melhor argumento adaptado, música e direção de fotografia.
"La virgen roja", de Paula Ortiz, ganhou os prémios de melhor guarda-roupa e melhor cenografia, enquanto "La guitarra flamenca de Yerai Cortés", de Antón Álvarez, também ganhou dois prémios, o de canção original e melhor documentário.
O Goya de Melhor Ator Principal foi para Eduard Fernández por "Marco", filme que também ganhou Melhor Maquilhagem e Cabelos. A vitória nos argumentos originais coube a "Casa en llamas", de Dani de la Orden.
O Brasil também fez história ao ganhar pela primeira vez o prémio de melhor filme ibero-americano com "Ainda Estou Aqui", do realizador Walter Selles.
"Emilia Pérez" ganhou o Goya de melhor filme europeu, apesar da polémica em torno da sua protagonista, Karla Sofía Gascón (que não esteve presente), e sob os aplausos de todo o público. Dois representantes do distribuidor do filme em Espanha subiram ao palco para receber o prémio e aproveitaram para apelar a "mais cinema e cultura contra o ódio e o escárnio".
Importa referir que a votação para os Prémios Goya foi concluída antes de rebentar o escândalo que envolveu a protagonista de "Emilia Pérez", o que significa que os votos dos membros da academia espanhola foram expressos sem influência destes acontecimentos.