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Documentário "Riefenstahl" estreia em Portugal a 30 de outubro

Publicado em 18 Jul. 2025 às 10:55, por filmSPOT, em Notícias de cinema (Temas: Estreias, Cinema Europeu)

Documentário "Riefenstahl" estreia em Portugal a 30 de outubro

O filme de Andres Veiel exibido no Festival de Veneza, revê o legado da cineasta nazi com base em arquivos inéditos.

A Midas Filmes agendou para 30 de outubro a estreia portuguesa do documentário "Riefenstahl", realizado por Andres Veiel. A obra, que teve estreia mundial no Festival de Veneza, oferece uma análise aprofundada e crítica da figura de Leni Riefenstahl, cineasta associada à propaganda do regime nazi.

O filme recorre a materiais inéditos provenientes do arquivo pessoal de Riefenstahl, onde se incluem filmes privados, fotografias, gravações e cartas, para desmontar a narrativa que a realizadora construiu no pós-guerra, segundo a qual teria sido alheia às atrocidades cometidas pelo regime de Adolf Hitler.

Helene Bertha Amalie Riefenstahl nasceu em Berlim, a 22 de agosto de 1902. Começou a carreira artística como bailarina e alcançou notoriedade como atriz de cinema durante os anos 1920, num subgénero popular na Alemanha da época: o drama de montanha. 

A sua estreia como realizadora deu-se em 1932 com "Das Blaue Licht" ("A Luz Azul"), que lhe valeu a atenção de Hitler e do Partido Nazi. Coube-lhe realizar alguns dos mais célebres filmes de propaganda do Terceiro Reich, entre os quais "Triunfo da Vontade" (1935), sobre o congresso do partido em Nuremberga, e "Olympia" (1938), sobre os Jogos Olímpicos de Berlim, obras reconhecidas pela inovação técnica e estética, como o uso pioneiro de câmaras móveis e ângulos ousados e marcadas pela glorificação da força e da perfeição física, que se tornaram sinónimo do estilo visual do regime. 

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, Riefenstahl dedicou-se à fotografia e a projetos documentais, incluindo trabalhos com tribos africanas e exploração subaquática. Sempre negou qualquer envolvimento ideológico e sempre alegou desconhecer as atrocidades dos nazis. Morreu em 2003, aos 101 anos, permanecendo uma figura profundamente divisiva. 

Em "Riefenstahl", Andres Veiel procura responder a uma questão central: como é que uma artista que alegava ser apenas uma profissional contratada se tornou a principal cineasta do regime nazi? Ao contextualizar historicamente os documentos inéditos, Veiel traça um retrato de uma mulher complexa que, até ao fim da sua vida, nunca se arrependeu e procurou moldar a sua memória pública.

O documentário coloca ainda a obra e o legado de Riefenstahl numa perspetiva atual, refletindo sobre a permanência dos seus códigos visuais e a relevância das mensagens num tempo em que o fascismo, a desinformação e a manipulação voltam a emergir no espaço público.

Trailer "Riefenstahl"