Do folk horror ao gore: MOTELX 2025 abre as portas ao lado mais sombrio do cinema

Foi esta quarta-feira apresentada no Cinema São Jorge, em Lisboa, a 19.ª edição do MOTELX - Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa, que decorrerá entre 9 e 15 de Setembro. A edição de 2025 promete reforçar o compromisso com a promoção do cinema de terror, numa programação que inclui mais de 130 filmes.

O destaque nacional vai para três longas-metragens inéditas: "Sombras", de Jorge Cramez, "A Pianista", de Nuno Bernardo e "Crendices – Quando o Medo Vem das Crenças", produção madeirense do coletivo 4Litro, que se apresenta pela primeira vez ao público do continente. O cinema português contará ainda com a exibição de 22 curtas-metragens e cinco reposições.

Um dos eixos centrais da edição deste ano é a representação feminina no cinema de terror. O festival inaugura o Prémio Noémia Delgado para Mulheres Notáveis no Terror, atribuído pela primeira vez à produtora norte-americana Gale Anne Hurd. Responsável por êxitos como "Exterminador Implacável", "Aliens" e a série "The Walking Dead", Hurd será também a Convidada de Honra do festival. A distinção pretende homenagear figuras femininas que, como Noémia Delgado - pioneira do Cinema Novo português -, marcaram profundamente a história do género.

A programação internacional volta a trazer nomes sonantes e propostas diversificadas. Marion Cotillard protagoniza "The Ice Tower", de Lucile Hadžihalilović, adaptação livre de "A Rainha da Neve". Dos Estados Unidos chega "Death of a Unicorn", com Jenny Ortega, numa homenagem ao cinema camp dos anos 1980. "Opus", de Mark Anthony Green, e "Enterre Seus Mortos", de Marco Dutra, com Selton Mello, integram igualmente a seleção oficial. Destacam-se ainda títulos oriundos da Coreia do Sul, Tailândia, Canadá, Senegal e Congo, como "Pig that Survived Foot-and-Mouth Disease", "A Useful Ghost" e "Zero".

Na competição pelo Prémio MOTELX que vai distinguir a melhor curta de terror portuguesa, concorrem 12 filmes, entre os quais "Aqui em Aveiro", de Joaquim Pavão, "Arroio Negro", de Lucas de Lima Silva, e "Strangers", de Carolina Afonso.

Já o Méliès d"argent para a melhor curta europeia, conta com nove produções nacionais em competição, como "Amarelo Banana", de Alexandre Sousa, "Gardunha", de Ana Marques Vilela da Costa, e "Yazza", de Francisco Lacerda.

O ciclo temático "O Baile das Bruxas" convida à exploração do folk horror através de obras como "O Crime de Aldeia Velha" (1964), de Manuel de Guimarães, e a série "Finisterra", de Guilherme Branquinho e Leone Niel, ambas baseadas em casos verídicos de rituais e violência rural. Completa o ciclo "Alma Viva" (2022), de Cristèle Alves Meira.

A edição deste ano introduz ainda a nova secção Suite 13, dedicada à reavaliação crítica de cineastas e filmografias marginalizadas. A estreia da secção homenageia Herschell Gordon Lewis, conhecido como o "Padrinho do Gore".

Na vertente mais experimental, a SectionX volta a apostar em linguagens de vanguarda, com destaque para a trilogia distópica "2551", do austríaco Norbert Pfaffenbichler, que junta punk, grotesco e humor negro numa estética marcada pelo low-budget e influências do slapstick clássico.