Publicado em 8 Mar. 2021 às 11:33, por filmSPOT, em Notícias de cinema (Temas: Cinema Asiático, Ciclos de cinema)
Os cinco filmes de Wong Kar Wai restaurados em 4k pelo próprio realizador e estreados em cinema, chegam à Filmin a 16 de março.
Sob os neons da paisagem urbana de Hong Kong, duas histórias paralelas exploram a melancolia do amor perdido e a inocência das novas paixões. A primeira narrativa segue o agente 223, um polícia que projecta o seu destino numa colecção de latas de ananás cujo prazo de validade expira a 1 de Maio. Um encontro com uma mulher misteriosa que usa uma peruca loira arranca-o do estado de estagnação em que se encontra. A segunda história desenrola-se em torno do agente 663 e do fim da sua relação com uma assistente de bordo, uma tragédia que chega aos ouvidos do empregado de um snack-bar que começa à procura de formas de o animar. Com as suas cores vibrantes e movimento efervescente, Chungking Express marcou o momento de internacionalização de Wong Kar Wai.
Num cenário urbano nocturno, Wong Chi Ming é um assassino a soldo que tenta deixar a sua ocupação. Entre uma relação ambígua com a sua parceira profissional e um encontro com uma prostituta, a sua vida cruza-se com histórias de outras personagens que deambulam as ruas de Hong Kong. Ao longo de episódios excêntricos e de referências à cultura pop, Anjos Caídos é um retrato vibrante da condição de alienação de indivíduos inseridos no ritmo acelerado da vida distorcida da cidade.
Lai Yiu Fai e Ho Po Wing viajam para a Argentina em busca de aventuras. Pouco depois de chegar, o casal incompatibiliza-se e Ho abandona o seu parceiro. Na sua ausência, Lai arranja um emprego num bar de tango em Buenos Aires, até que Ho regressa à sua vida após ser vítima de um espancamento. Mas à medida que a vida de Lai toma uma nova direcção quando este conhece um rapaz Taiwanês, Ho continua o seu caminho de declínio para um lugar de destruição muito diferente daquele que conhecia. Romance turbulento que valeu a Wong Kar Wai o Prémio de Melhor Realizador em Cannes.
Um retrato delicado de uma história de amor pouco convencional. Enquadrado pela sublime paleta de cores e pelos íntimos slow-motions de Wong Kar Wai, o filme viaja através dos olhares enigmáticos de dois indivíduos que, depois de se mudarem para o mesmo prédio com os seus parceiros ausentes, começam a acreditar que os seus respectivos esposos estão a ter um caso. Na sua solidão e aborrecimento, Chow e Su tornam-se mais próximos à medida que fazem as pazes com os seus fracassos românticos.
Chow Mo Wan está a escrever um livro de ficção científica sobre um comboio que viaja para um sítio chamado 2046, onde os passageiros poderão recuperar as suas memórias perdidas e de onde nunca ninguém regressou. Inspirado nas suas próprias aventuras com várias mulheres no Hotel Oriental em Hong Kong, a fronteira entre ficção e realidade em breve começa a esbater-se. Seguindo um rastro de ligações misteriosas, 2046 é considerado a sequela de "Disponível para Amar" (2000). Mestre da narrativa não-linear, Wong Kar Wai cria aqui uma rede de rostos que se interligam – alguns dos quais afogados em mágoa, outros entregues à paixão – e envolve-os na sua estética tão característica, rica em sombras frondosas e cores contrastantes.