Publicado em 13 Ago. 2016 às 13:48, por filmSPOT, em Notícias de cinema (Temas: Indústria cinematográfica, Cinema Norte-Americano, Box office, Bastidores)
Tudo começou com uma carta aberta publicada no site Pajiba. Alegadamente escrita por um antigo empregado da Warner Bros. inclui uma série de críticas às decisões do estúdio, em particular as do CEO Kevin Tsujihara e refere as consequências que terão tido para perto de mil funcionários despedidos em 2014. O autor, ou autora, permanece anónimo.
A mesma carta acusa Tsujihara de ter aprovado um conjunto de fracassos de bilheteira que inclui "Jersey Boys", de Clint Eastwood; "Homem de Aço", "Batman v Super-Homem: O Despertar da Justiça"; "Pan" e "Jupiter Ascending". Aponta o dedo à impunidade do realizador Zack Snyder, que acusa de não cumprir com o esperado, e dos executivos que dão luz verde a projetos falhados.
Dois filmes recentes da Warner Bros. também não escapam à ira do autor. Dá a entender que "Esquadrão Suicida" foi arruinado pelos chefes do estúdio e cita fontes internas para avisar que "Wonder Woman" é "mais uma desgraça".
Termina com uma comparação: "Se trabalhasse numa loja de donuts, e estivesse sempre a estragar os donuts, seria despedido". E conclui desafiando Kevin [Tsujihara] a começar a fazer os donuts.
A Warner Bros. não reagiu à carta, mas Patty Jenkins, a realizadora de "Wonder Woman" disse o que pensava numa série de tweets que aqui traduzimos:
"Acabei de ver este artigo que alega problemas no "Wonder Woman". Estão a falar a sério? Isto é um monte de tretas que alguém inventou. Que alguém inventou! Apresentem a fonte. Não podem porque é totalmente falso. Não se deixem ir na onda, pessoal. Alguém está a tentar espalhar desinformação. Só quando estamos muito envolvidas nestas coisas é que percebemos até que ponto os rumores podem ser falsos. Deixem-me assegurar-vos que nada neste filme foi apelidado de desastre pelas pessoas que conhecemos. Isto é um facto."
Analisando os números de alguns filmes mencionados na referida carta, descobre-se que a maior parte das alegações de fracasso não serão verdadeiras.
O custo anunciado de "Homem de Aço" é de 225 milhões de dólares. Faturou 668 milhões em todo o mundo.
"Batman v Super-Homem: O Despertar da Justiça" terá custado 250 milhões de dólares. A receita bruta de bilheteira a nível global chegou aos 873 milhões.
Na realidade, os falhanços da Warner Bros. aconteceram noutros títulos. "Ascensão de Júpiter", dos irmãos Wachowski, que ao preço de 176 milhões de dólares não fez mais do que 184 milhões nas bilheteiras mundiais. "O Agente da U.N.C.L.E." (75 milhões para receitas de apenas 110 milhões). E "Pan" que custou 150 milhões e só chegou aos 128 milhões. Todos eles estreados em 2015 - ou seja, após os despedimentos de 2014.
São reais as queixas ao nível da crítica e de alguns setores da imprensa norte-americana quanto ao caminho que leva o universo cinematográfico da DC Comics. As opiniões sobre o confronto entre Batman e o Super-Homem não foram famosas e "Suicide Squad" tem sido estraçalhado ao ponto de alguns fãs terem iniciado uma petição online para encerrar o agregador de críticas Rotten Tomatoes. Mas... mesmo assim, este ano, a Warner Bros. tem escapado a grandes desastres de bilheteira.
Quanto a "Esquadrão Suicida", que terá como custo de produção um valor a rondar os 170 milhões de dólares, após nove dias nas salas de cinema rendeu 370 milhões em receita bruta no box office mundial. Poderá não ser o maior sucesso do ano, mas escapa ao rótulo de "desastre".