Cartaz de cinema

Cannes 2019: Os vencedores e as principais figuras num "festival de harmonia"

Publicado em 27 Mai. 2019 às 23:46, por Samuel Andrade, em Notícias de cinema (Temas: Festivais de cinema)

Cannes 2019: Os vencedores e as principais figuras num "festival de harmonia"

O júri da Seleção Oficial, presidido pelo realizador Alejandro González Iñárritu, anunciou no passado sábado à tarde os vencedores do Festival de Cannes 2019.

Na cerimónia realizada no Grand Théâtre Lumière, as escolhas dos laureados também refletiram a diversidade geográfica e de registos que determinou a principal competição do certame. Não foi, portanto, inteira surpresa que "Parasite", do sul-coreano Bong Joon-ho (o realizador de "Snowpiercer - Expresso do Amanhã"), tenha arrecadado a Palma de Ouro de Melhor Filme, tornando-se no primeiro título oriundo da Coreia do Sul a merecer essa distinção.

O palmarés completo da Seleção Oficial ficou assim estabelecido:

Palma de Ouro: "Parasite", de Bong Joon-ho (Coreia do Sul)

Prémio do Júri: "Bacurau", de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles (Brasil), e "Les Misèrables", de Ladj Ly (França) (ex-aequo)

Menção Honrosa do Júri: "It Must Be Heaven", de Elia Suleiman (Canadá)

Grande Prémio: "Atlantique", de Mati Diop (Senegal)

Melhor Realizador: "Le jeune Ahmed", de Jean-Pierre e Luc Dardenne (Bélgica)

Melhor Ator: Antonio Banderas, por "Dolor y Gloria" (Espanha)

Melhor Atriz: Jessica Hausner, por "Little Joe" (Reino Unido)

Melhor Argumento: "Portrait de la jeune fille en feu", de Céline Sciamma (França)

Na secção Un Certain Regard, uma das principais competições paralelas do Festival, destaque para a aclamação do filme brasileiro "A Vida Invisível de Eurídice Gusmão", realizado por Karim Aïnouz, como o Melhor Filme, sendo de destacar os vencedores ex-aequo do Prémio Especial do Júri: o drama espanhol "Liberté", de Albert Serra, que foi inteiramente rodado em Portugal, e "Jeanne", do francês Bruno Dumont, inspirado na vida de Joana D"Arc.

Nos prémios da Crítica, "It Must Be Heaven", do realizador palestiniano Elia Suleiman, foi o eleito o melhor de entre os filmes constantes da Seleção Oficial. "Beanpole", drama histórico assinado pelo cineasta russo Kantemir Balagov, e o filme de terror rodado em película a preto-e-branco "The Lighthouse", do norte-americano Robert Eggers com Willem Dafoe e Robert Pattinson no elenco, foram os eleitos dos críticos presentes em Cannes nas competições Un Certain Regard e Quinzena dos Realizadores respetivamente.

Tendo em conta os palmarés acima indicados, e em jeito de comentário final da edição de 2019 do Festival de Cannes, é rapidamente notória a presença de muitos "iniciados" (Ladj Ly, Mati Diop, Céline Sciamma…) nestas andanças entre os principais laureados, sendo Antonio Banderas, pelo seu desempenho em "Dolor y Gloria" (o novo e muito bem acolhido filme de Pedro Almodóvar), o nome mais conhecido do grande público entre aquele lote de vencedores.

Ao contrário de anos anteriores, e numa edição que se pautou por poucos momentos polémicos - a interação mais acesa, na conferência de imprensa de "Era Uma Vez… em Hollywood", entre Quentin Tarantino e uma jornalista, as acusações de assédio e machismo dirigidas ao ator francês Alain Delon antes de receber a Palma de Honra, ou o sentimento de "escândalo" com que a crítica recebeu "Mektoub, My Love: Intermezzo", o novo trabalho de Abdellatif Kechiche ("A Vida de Adèle: Capítulos 1 e 2"), foram notáveis exceções no seio de um ambiente de calmaria -, resta a impressão de que o Festival de Cannes 2019 decorreu a velocidade de cruzeiro.

Para a posteridade, ficará um certame que, sobretudo, assinalou o "resgate" crítico de cineastas como Pedro Almodóvar ou Terrence Malick, e anunciou a chegada de um conjunto de novos talentos para o cinema mundial.