Publicado em 30 Nov. 2021 às 15:04, por António Quintas, em Notícias de cinema (Temas: Festivais de cinema, Cinema Norte-Americano, Cinema Europeu, Cinema Asiático)
"First Cow - A Primeira Vaca da América" lidera a tabela, seguido por "Annette", de Leos Carax, e "Memória", de Apichatpong Weerasethakul.
Tradição anual da revista francesa desde a década de 50 do século XX, interrompida apenas nos anos de 1970, o Top 10 dos Cahiers do Cinema reflete o gosto dos críticos que escrevem para a revista, longe das influências da temporada de prémios anglo-saxónica e mais próximo do circuito de festivais.
Este ano, a lista abre com "First Cow", da americana Kelly Reichardt, uma história da expansão para oeste nos EUA do século XIX. Quando um talentoso cozinheiro, solitário e taciturno, viaja para os novos territórios para se juntar a um grupo de caçadores de peles, a única pessoa com quem estabelece uma ligação mais profunda é um imigrante chinês também em busca de fortuna. Os dois homens colaboram num negócio com potencial, mas dependente da participação clandestina da valiosa vaca leiteira pertencente a um rico proprietário das redondezas.
Seguem-se "Annette", de Leos Carax, musical com Marion Cotillard e Adam Driver passado na Los Angeles contemporânea, onde a vida de um casal de celebridades muda após o nascimento da primeira filha; e "Memória", do tailandês Apichatpong Weerasethakul, onde Tilda Swinton é uma escocesa de visita à irmã doente em Bogotá, na Colômbia. No local trava amizade com um jovem músico e com um arqueólogo francês encarregado de monitorizar o projeto de construção de um túnel através da cordilheira dos Andes, enquanto todas as noites ouve ruídos cada vez mais altos que a impedem de dormir.
O Top 10 de 2021 de acordo com os Cahiers du Cinéma conclui-se com "Drive My Car", do japonês Ryūsuke Hamaguchi; "France", do francês Bruno Dumont; "Crónicas de França", do norte-americano Wes Anderson; "À l'abordage", do francês Guillaume Brac; "Das Mädchen und die Spinne", conduzido a meias pelos suíços Ramon e Silvan Zürcher; "The Card Counter", do norte-americano Paul Schrader; e "Benedetta", do holandês Paul Verhoeven.
2020 | Western, Drama, Histórico | 122 min
Com John Magaro, Orion Lee, Dylan Smith
Realização Kelly Reichardt
Class. etária M/12
Estreia em Portugal 1 Jul. 2021
Distribuidor Films4You
2021 | Drama, Romance | 139 min
Com Adam Driver, Marion Cotillard, Simon Helberg
Realização Leos Carax
Class. etária M/14
Estreia em Portugal 8 Jul. 2021
Distribuidor NOS Audiovisuais
2021 | Drama | 136 min
Com Tilda Swinton, Elkin Díaz, Jeanne Balibar
Realização Apichatpong Weerasethakul
Class. etária M/12
Estreia em Portugal 27 Jan. 2022
Distribuidor Midas Filmes
2021 | Drama | 179 min
Com Hidetoshi Nishijima, Toko Miura, Masaki Okada
Realização Ryūsuke Hamaguchi
Class. etária M/12
Estreia em Portugal 10 Mar. 2022
Distribuidor Leopardo Filmes
2021 | Drama, Comédia | 134 min
Com Léa Seydoux, Blanche Gardin, Benjamin Biolay
Realização Bruno Dumont
Class. etária M/14
Estreia em Portugal 30 Set. 2021
Distribuidor Leopardo Filmes
2020 | Drama, Romance, Comédia | 107 min
Com Bill Murray, Benicio del Toro, Frances McDormand
Realização Wes Anderson
Class. etária M/14
Estreia em Portugal 11 Nov. 2021
Distribuidor NOS Audiovisuais
2021 | Comédia | 95 min
Com Éric Nantchouang, Salif Cissé, Édouard Sulpice
Realização Guillaume Brac
2021 | Drama | 99 min
Com Henriette Confurius, Liliane Amuat, Ursina Lardi
Realização Ramon Zürcher, Silvan Zürcher
Class. etária M/14
Estreia em Portugal 24 Mar. 2022
Distribuidor Nitrato
2021 | Ação, Thriller, Drama | 112 min
Com Oscar Isaac, Tye Sheridan, Willem Dafoe
Realização Paul Schrader
Class. etária M/16
Estreia em Portugal 18 Nov. 2021
Distribuidor NOS Audiovisuais
2021 | Histórico, Drama, Romance | 127 min
Com Virginie Efira, Charlotte Rampling, Daphné Patakia
Realização Paul Verhoeven
Class. etária M/16
Estreia em Portugal 25 Nov. 2021
Distribuidor Leopardo Filmes
Fundada em 1951, herdeira da defunta La Revue du cinéma, a revista Cahiers do Cinema assumiu, ao longo de mais de 60 anos, o papel de Bíblia da cinefilia e principal farol da crítica cinematográfica. Comprometida com valores artísticos e autorais, mas também sociais e políticos, que refletiram o passar dos tempos, foi nos Cahiers que apareceu em força a teoria do "cinema de autor", se quebraram vetustos cânones de qualidade e se reabilitaram nomes do cinema norte-americano, de Hitchcock a Hawks, de Nicholas Ray a Jerry Lewis. Por ali surgiram os nomes que, do papel de críticos, deram o salto para renovar o cinema francês na "Nouvelle Vague" - Truffaut, Godard, Chabrol, Rohmer, Rivette.
Sobrevivente a convulsões provocadas por extremismos políticos - durante os anos de 1970 foi governada por um sinistro comité de inspiração maoista que fez as vendas descer a níveis irrisórios - e por crónicas faltas de capital - a cinefilia dá pouco dinheiro - em 1998, a Cahiers é adquirida pelo grupo editorial Le Monde e volta a mudar de mãos em 2009. Em 2020, a compra por um grupo de empresários franceses conduz à demissão do corpo redatorial que acusa os novos proprietários de a quererem transformar numa revista "chique" e "cordial". Não foi, no entanto, o fim daquela que é, ainda hoje, a mais antiga publicação francesa dedicada ao cinema. Em maio do mesmo ano, uma nova equipa assume o controlo da revista que se mantém até hoje.