Cartaz de cinema

Audiência e receitas de cinema em Portugal continuam a cair

Publicado em 6 Abr. 2013 às 10:03, por António Quintas, em Notícias de cinema (Temas: Indústria cinematográfica, Cinema Português, Box office)

Audiência e receitas de cinema em Portugal continuam a cair

O relatório do Instituto de Cinema e Audiovisual sobre o primeiro trimestre do ano continua a mostrar uma tendência negativa no mercado português.

Bola de neve, ciclo vicioso, ou pescadinha de rabo na boca. Qualquer destas expressões define bem o que se passa com a distribuição e exibição cinematográfica em Portugal.

O primeiro trimestre de 2013 acentuou a descida continua desde há dois anos. Ao pouco dinheiro disponível e à prudência que os portugueses estão a exercer na hora de gastar juntou-se o encerramento de salas que privou diversas zonas do país da possibilidade de ver cinema no grande ecrã.

Entre 2011 e 2012 registou-se uma descida de 7,6% em receitas e 12,3% na audiência (o equivalente a menos dois milhões de espectadores).

O relatório do Instituto de Cinema e Audiovisual (ICA) referente aos primeiros três meses de 2013 denota agora uma descida de 10,8% nas receitas brutas e uma quebra de 8,9% no número de espectadores.

Números comparativos 2012/2013 (1º trimestre)

Receita bruta de bilheteira

2012: 16.675.901€
2013: 14.866.618€ -10,8%

Espectadores

2012: 3.154.934
2013: 2.875.115 -8,9%

Se a diminuição dos valores não é novidade e mantém a tendência começada em 2011, o que aparece como novo neste relatório é o facto de os preços terem descido mais do que o número de espectadores. Ou seja, o preço médio do bilhete já não está sequer a compensar a redução nas entradas, ao contrário do que sucedeu nos anos anteriores (a procura pelo 3D também terá caído substancialmente, o que levou os cinemas a reduzirem substancialmente a oferta).

Curioso é também o comportamento do maior distribuidor e exibidor nacional. A Zon adoptou uma espécie de fuga para a frente e estreou um número consideravelemente maior de títulos nestes três meses em comparação com o mesmo período no ano passado (47 contra apenas 33 no ano anterior).

Olhando apenas para estes números - e não contabilizando custos com publicidade, cópias e aquisição de direitos - a verdade é que os indicadores da Zon subiram, tanto em Box office como em espectadores.

Além disso, a empresa detém um leque transversal de plataformas que lhe permite lançar grande parte dos filmes em sala, nos formatos domésticos (DVD, BluRay) e nos canais de TV paga (videoclubes digitais e canais por subscrição).

Ou seja, neste cenário de crise, a dimensão da Zon permite-lhe resistir mais facilmente e limitar as perdas em cinema, enquanto aumenta o seu domínio do mercado quer na distribuição, quer na exibição.

Em termos de filmes mais vistos, "O Impossível", produção espanhola assinada por Juan Antonio Bayona, lidera com 222.284 espectadores, seguido de "Django Unchained", de Quentin Tarantino, com 183.785 bilhetes vendidos.