Cartaz de cinema

Assédio em Hollywood: Dustin Hoffman e Brett Ratner aumentam a lista

Publicado em 2 Nov. 2017 às 15:46, por António Quintas, em Notícias de cinema (Temas: Indústria cinematográfica, Celebridades, Bastidores)

Assédio em Hollywood: Dustin Hoffman e Brett Ratner aumentam a lista

A quantidade de denúncias de assédio sexual em Hollywood continua a aumentar e vai muito além de Harvey Weinstein.

O ator Dustin Hoffman e o realizador Brett Ratner são os últimos dois nomes a surgir na lista de individualidades de Hollywood envolvidas em casos de assédio sexual.

Dustin Hoffmann é acusado de ter apalpado e tido conversas de teor sexual com uma estagiária de 17 anos durante a rodagem do telefilme "Morte de Um Caixeiro Viajante", em 1985.

Em resposta, Hoffmann emitiu um pedido público de desculpas onde afirma: "Tenho o maior respeito pelas mulheres e sinto-me terrível por qualquer coisa que possa ter feito para as colocar numa situação desconfortável. Sinto muito. Não reflete quem eu sou."

O ator, hoje com 80 anos, venceu dois Oscars de melhor ator por "Rain Man - Encontro de Irmãos" (1988) e "Kramer contra Kramer" (1979) e foi nomeado outras cinco vezes - por "Wag the Dog - Manobras na Casa Branca" (1997); "Tootsie" (1982); "Lenny" (1974); "Cowboy da Meia-Noite" (1969); e "The Graduate - A Primeira Noite" (1967).

Quanto a Brett Ratner, enfrenta fortes e detalhadas acusações por parte de seis mulheres, entre elas as atrizes Natasha Henstridge e Olivia Munn. O realizador de "X-Men: O Confronto Final" (2006) e produtor de filmes como "Ravenant" negou "veementemente", através do seu advogado, ter tido estes comportamentos incorretos. Primeira consequência do escândalo: a Warner Bros. um dos seis grandes estúdios norte-americanos, cessou o contrato de colaboração com a Rat-Pac Entertainment, a produtora de Ratner.

Entretanto, Kevin Spacey anunciou que irá "tirar todo o tempo necessário para procurar avaliação e tratamento" após um caso de assédio a Anthony Rapp, do elenco da série "Star Trek: Discovery", quando este tinha apenas 14 anos. No seguimento, a Netflix anunciou que irá terminar a série "House of Cards", protagonizada por Spacey, após a sexta temporada, com estreia prevista para 2018.

Todos estes casos aparecem na sequência de uma peça publicada a 5 de outubro no The New York Times onde foram tornados públicos vários casos de assédio sexual por parte do produtor Harvey Weinstein.

Este artigo e uma campanha nas redes sociais com o tema #MeToo (eu também) levaram a que mais mulheres surgissem a denunciar alegados comportamentos similares que atingem não apenas o cinema e a televisão, mas também áreas como o jornalismo, a política, ou o desporto.

Argumentista e realizador, James Toback coleciona, até ao momento, o maior número de acusações de assédio, cerca de 300.

Ben Affleck viu um antigo vídeo do "Total Request Live", da MTV, virar-se contra ele. Nesse programa, Affleck terá apalpado a apresentadora Hilarie Burton.

Roy Price liderava a Amazon Studios, responsável pelo desenvolvimento de séries e longas-metragens quando Isa Hackett, co-produtora de "The Man In High Castle", revelou diálogos e atitudes escabrosas envolvendo o executivo. Price demitiu-se pouco depois.

Algo muito parecido sucedeu com Chris Savino, do canal infantil Nickelodeon, que também deixou a sua posição na empresa.

No jornalismo, Michael Oreskes, editor-chefe da NPR (rádio pública dos EUA), demitiu-se após denúncias anónimas publicadas no The Washington Post.

Acusações de uma antiga funcionária levaram ao despedimento de Lockhart Steele, diretor editorial da Vox Media.

Mark Halperin, jornalista de política no canal de notícias da NBC, viu o seu contrato terminado após se saber que assediou colegas durante a permanência na ABC News.

O chef John Besh, de Nova Orleães, cortou laços com a sua empresa para limitar os danos provocados por pelo menos 25 acusações de comportamentos impróprios.

Nem o antigo presidente dos Estados Unidos, George H.W. Bush, agora com 93 anos, escapou a comentários que referiam toques nas nádegas e uma piada de mau gosto. O seu porta-voz pediu desculpas em nome de Bush Sr., mas acrescentou que tudo era um mau entendido.

"Com 93 anos, o presidente Bush está confinado a uma cadeira de rodas à cerca de cinco anos, por isso, o seu braço cai abaixo da cintura das pessoas com quem tira fotos. Para tentar colocar as pessoas à vontade, o presidente rotineiramente diz a mesma piada - e, ocasionalmente, ele terá dado um ligeiro toque nos traseiros das senhoras, num gesto que pretendia não ter qualquer malícia. Algumas pessoas consideraram o gesto inocente; outras vêem-no como algo inadequado. Às ofendidas, o presidente Bush apresenta as suas sinceras desculpas."