Publicado em 1 Jul. 2017 às 12:40, por filmSPOT, em Notícias de televisão e séries (Temas: Cinema Norte-Americano, Celebridades, Bastidores)
A única testemunha ainda viva dos factos narrados na série mostrou desagrado pela forma como foi retratada.
A atriz Olivia de Havilland não gostou da forma como a retrataram na série de televisão "Feud: Bette and Joan" e colocou o canal FX e o produtor Ryan Murphy em tribunal. A queixa deu entrada sexta-feira num tribunal de Los Angeles, um dia antes do 101º aniversário daquela que será a última grande figura da era clássica de Hollywood ainda viva.
"Feud" é o mais recente projeto do criador de "Glee" e "American Horror Story". Tal como noutras ocasiões, Murphy partiu de um tema comum - neste caso grandes rivalidades de figuras públicas - para, em cada temporada, contar uma história completa. No caso de "Feud", a guerra entre duas estrelas do cinema americano, Bette Davis e Joan Crawford, irmã de de Havilland, com quem também manteve uma relação tensa.
De acordo com notícias da imprensa norte-americana, de Havilland não gostou da forma como a apresentaram na série. Reclama que a cena inicial, onde é interpretada por Catherine Zeta Jones, a mostra como uma hipócrita capaz de revelar mexericos por dinheiro. Acrescenta que as afirmações contidas na cena são totalmente falsas e recusa que alguma vez tenha apelidado a irmã de "cabra", como aparece na série. Queixa-se ainda de, como única personagem ainda viva, não ter sido contactada para fornecer a sua versão dos acontecimentos.
O produtor e criador da série, Ryan Murphy, explicou numa entrevista dada em abril ao The Hollywood Reporter que não falou com de Havilland porque "não queria ser desrespeitoso" e incomodar. A propósito, refere que usou como fonte para o argumento da série uma entrevista de quatro horas a Bette Davis que teve lugar em 1989, pouco tempo antes da morte da atriz.
Olivia de Havilland processa o canal FX e o produtor Ryan Murphy por intrusão de privacidade, danos à sua imagem e enriquecimento ilícito e recorda que sempre lutou por manter uma reputação de pessoa íntegra, digna e nada amiga de mexericos ou outros comportamentos grosseiros.
Nascida em Tóquio, em 1916, de pais britânicos, Olivia Mary de Havilland entrou em 49 longas-metragens durante uma carreira que se prolongou por 53 anos, entre 1935 e 1988. Entrou em filmes como "Robin Hood" (1938), ao lado de Errol Flynn, em "E Tudo o Vento Levou" (1939), "Todos Morreram Calçados" (1941), de Raoul Walsh, "O Fosso das Víboras" (1948), de Anatole Litvak, e "A Herdeira" (1949), de William Wyler. Ganhou dois Óscares de melhor atriz ("Lágrimas de Mãe" e "A Herdeira") e foi nomeada noutra três ocasiões.
Vale a pena recordar também que graças a de Havilland foi dado o primeiro grande passo para pôr fim ao poder absoluto dos estúdios de Hollywood. Em agosto de 1943, rebelou-se contra os tradicionais contratos que prendiam os atores a um único estúdio colocando a Warner Bros. em tribunal. A decisão dos juízes foi-lhe favorável abrindo um precedente legal que conferiu maior liberdade de escolha aos artistas e limitou decisivamente o controlo das majors.