Cartaz de cinema

Amantes de 100 anos batem grandes filmes de Hollywood

Publicado em 16 Dez. 2014 às 13:58, por António Quintas, em Notícias de cinema (Temas: Indústria cinematográfica, Cinema Asiático)

Amantes de 100 anos batem grandes filmes de Hollywood

Na Coreia do Sul, o documentário sobre os 76 anos de vida em comum de um casal está a bater as grandes produções norte-americanas.

Ele tem 98 anos, ela é um pouco mais nova, tem 89. Estão casados há 76 anos e continuam a adormecer de mão dada, todas as noites.

"Meu Amor, Não Atravesses Esse Rio" é o surpreendente documentário de Jin Mo-young que, ao longo das últimas três semanas, tem gradualmente vindo a conquistar o público nos cinemas da Coreia do Sul.

Quando estreou, a 27 de novembro, estava em exibição em apenas 186 ecrãs. Duas semanas depois, esse número aumentou para 806 ecrãs. Contabiliza mais de um milhão de espectadores e soma quase 6,4 milhões de euros em receita de bilheteira - a produção do filme custou 88 mil euros. Além disso, foi o mais visto do passado fim de semana, nos cinemas sul-coreanos, e bateu nada menos do que "Interstellar", "Exodus-Deuses e Reis". 

O mais curioso neste sucesso inesperado é a composição do público. De acordo com o Korean Herald, que cita dados reunidos pela maior cadeia de cinema do país, perto de 80% dos espectadores de "Meu Amor, Não Atravesses Esse Rio" tem menos de 40 anos, e mais de metade anda na casa dos 20 anos.

O realizador ouviu falar do casal pela primeira vez numa série documental em cinco episódios intitulada "Os amantes de Cabelos Grisalhos", exibida em 2011 no canal publico KBS. Aquilo que viu levou-o a pegar na câmera e a rumar à aldeia de Hoengseong, na província montanhosa de Gangwon, perto da fronteira com a Coreia do Norte, onde acompanhou Jo Byeong-man, de 98 anos, e a sua esposa Kang Kye-yeol, de 89 anos, durante 15 meses, a partir de Setembro de 2012.

A vida simples e despreocupada que aparentam frente à objetiva de Jin Mo-young contrasta com o relato dos primeiros anos de vida em comum. No documentário, Kang Kye-yeol conta como seis dos seus 12 filhos morreram de doença entre os dois e os cinco anos, numa zona que sofreu fortemente durante a Guerra da Coreia, nos anos 50.

Mesmo assim, o realizador deparou-se com duas pessoas alegres, que passeiam em fatos tradicionais com cores a condizer. Que atiram água um ao outro à beira do rio, ou que constroem um boneco de neve em conjunto.

No entanto, a morte, está por perto e, sem querer, o filme acaba por seguir o casal até os últimos momentos do seu casamento de 76 anos.