Publicado em 5 Jan. 2022 às 17:53, por António Quintas, em Notícias de cinema (Temas: Estreias)
Uma mão cheia do melhor cinema que desejamos para este ano.
Começamos com uma previsão extraída da nossa bola de cristal: 2022 vai ser um excelente ano de cinema. A responsabilidade, claro, é da pandemia que fez acumular produções e estreias num engarrafamento de criatividade e talento. Por isso, se não aparecer uma nova variante que nos remeta todos ao sofá e à enxurrada de subprodutos industriais do streaming, estes são alguns dos filmes que temos debaixo de olho para os próximos tempos.
Grande parte não tem data de estreia, muitos poderão surgir nos festivais de cinema de 2022, outros deslizarão para 2023. Outros tantos ficaram de fora por excessivas dúvidas quanto à sua conclusão, por escassa informação, ou apenas para não alongar a lista de forma a torná-la ilegível. Também temos noção dos desequilíbrios desta escolha que tomba em demasia para os anglo-saxónicos. Falta aqui cinema asiático, latino-americano, africano. Um aspeto a melhorar em próximas listagens.
Realização: Alejandro Gonzalez Iñarritu
Produção: México
Primeiro de Iñarritu desde "The Revenant" (sim, já passaram quase sete anos). Regresso do cineasta ao seu México num projeto faz-tudo onde escreve (a meias com o argentino e colaborador regular Nicolás Giacobone), produz e realiza com um de elenco sul-americanos. Diz-se que é uma comédia e uma crónica de incertezas onde a personagem principal, um jornalista e documentarista mexicano de renome, regressa ao país de origem para enfrentar a sua identidade, as relações familiares e a loucura das suas memórias, bem como o passado e a nova realidade do seu país.
Realização: Ari Aster
Produção: EUA
O nova-iorquino Ari Aster tem uma enorme responsabilidade sobre os ombros. Deu nas vistas com "Hereditary", foi incensado e aplaudido com "Midsommar". Agora, cabe-lhe dirigir Joaquin Phoenix num projeto que já ameaçou ter quatro horas de duração. O resumo de uma linha refere um retrato íntimo que atravessa décadas na vida de um dos empresários mais bem sucedidos de todos os tempos. O realizador descreveu-o como "uma comédia de pesadelos".
Realização: Baz Luhrmann
Produção: EUA, Austrália
O australiano que nos trouxe "Moulin Rouge" e "O Grande Gatsby" adapta ao cinema a vida e a carreira de Elvis Presley após uma curta passagem pela Netflix com "Get Down". A antiga estrela adolescente Austin Butler agarrou o papel principal e Tom Hanks será o Coronel Parker, empresário do Rei.
Realização: Brady Corbet
Produção: EUA
Com passagens pela representação e escrita, Corbet deu o salto para a realização com o promissor "A Infância de um Líder", duplo prémio revelação e melhor primeira obra da secção Horizontes em Veneza, seguido por "Vox Lux". Em "The Brutalist" repete a colaboração com Mona Fastvolt num argumento carregado de potencial e com a ajuda de um elenco com Mark Rylance, Vanessa Kirby e Marion Cotillard. A história de emigração que se estende por trinta anos, começa quando o brilhante arquitecto László Toth e a sua esposa Erzsébet fogem da Europa e chegam à América do pós-guerra. As suas vidas mudam para sempre quando um industrial aparentemente encantador e misterioso contrata László para desenhar um grande monumento modernista.
Realização: Darren Aronovsky
Produção: EUA
Charlie, um homem de meia-idade que sofre de obesidade mórbida tenta restabelecer a ligação com a filha de 17 anos. Os dois cresceram separados após Charlie abandonar a família pelo amante gay, que mais tarde morreu. A dor a culpa conduziram-no a uma obsessão descontrolada pela comida. Brendan Fraser assume o papel principal no regresso do autor de "Mother!" e "Cisne Negro" às longas metragens.
Realização: David Cronenberg
Produção: Canadá, EUA, Grécia
Primeira longa-metragem de Cronenberg em oito anos, sucede a "Cosmopolis" e "Maps to the Stars". Com Viggo Mortensen, Léa Seydoux e Kristen Stewart, "Crimes of the Future" (o segundo com este título que o cineasta dirige, após o filme homónimo, mas sem relação, dos anos 70), mergulha num futuro não tão distante onde a humanidade aprende a adaptar-se a ambientes sintéticos. Esta evolução leva o ser humano para lá do seu estado natural, para uma metamorfose, alterando a sua composição biológica. Enquanto alguns abraçam o potencial ilimitado deste transhumanismo, outros tentam policiar o mesmo. Saul Tenser, é um apreciado artista que abraçou esta Síndrome de Evolução Acelerada, germinando órgãos novos e inesperados no seu corpo. Com o seu parceiro Caprice, transforma a remoção destes órgãos num espectáculo para os leais seguidores se maravilharem em tempo real. Mas o governo e uma estranha subcultura estão atentos...
Realização: David Fincher
Produção: EUA
Depois de "Mank", David Fincher volta a trabalhar para o streaming na história de um assassino profissional que está, lentamente, a enlouquecer. Michael Fassbender e Tilda Swinton são os nomes mais sonantes do elenco.
Realização: George Miller
Produção: EUA, Austrália
Entre "Max Max" e "Furiosa", George Miller apresenta um conto sobrenatural passado num quarto de hotel em Istambul que envolve um génio e três desejos. Com Idris Elba e (sim, é ela outra vez) Tilda Swinton.
Realização: Jean-Pierre e Luc Dardenne
Produção: Bélgica, França
Com duas Palmas de Ouro no bolso, os irmãos Dardenne são notícia cada vez que pegam num novo projeto. Desta vez, vão filmar a viagem solitária de dois jovens que procuram exílio na Bélgica após uma longa viagem através do continente africano.
Realização: Claire Denis
Produção: França
Juliette Binoche e Vincent Lindon protagonizam uma história de amor sobre uma mulher apanhada entre dois homens, o seu parceiro de longa data e o seu melhor amigo e antigo amante.
Realização: Damien Chazelle
Produção: EUA
Passado em Hollywood, nos anos de 1920, durante a transição dos filmes mudos para os sonoros, centra-se na ascensão e na queda de uma mistura de personagens históricas e ficcionais. Nomes mais fortes do elenco: Tobey Maguire, Brad Pitt e Margot Robbie. A Paramount atrasou a estreia para o final de 2022 numa preparação de candidatura aos Óscares.
Realização: Joanna Hogg - Reino Unido, EUA
Após anos de tarimba adquirida na televisão, Joanna Hogg fez uma proveitosa transição para o cinema onde criou uma ainda curta, mas elogiada filmografia. A sua última obra, dividida em duas partes e intitulada "The Souvenir" surgiu no topo da lista de melhores filmes da "Sight and Sound" em 2020 e 2021. Ao mesmo tempo, Hogg tem sido presença constante em festivais como Berlim, ou Sundance. "The Eternal Daughter" é uma história de fantasmas onde uma filha de meia-idade e a sua mãe idosa enfrentam segredos há muito enterrados quando regressam à antiga casa de família, uma mansão outrora grandiosa que se tornou um hotel quase vazio e repleto de mistérios.
Realização: Joshua Oppenheimer
Produção: EUA, Dinamarca
Vamos recordar quem é Joshua Oppenheimer: entre 2021 e 2014 trouxe-nos dois documentários sobre o genocídio na Indonésia. "O Acto de Matar" e "O Olhar do Silêncio". Num deles, antigos líderes de esquadrões da morte indonésios foram convidados a reencenar os seus crimes como filmes clássicos de Hollywood e números musicais. No outro, uma família que sobreviveu a esse mesmo genocídio confronta os homens que mataram um dos seus irmãos.Em "The End", o cineasta texano lança-se na ficção pura. O tema é a última família humana, filmada como num musical dos anos 30.
Realização: Karim Aïnouz
Produção: Reino Unido
Depois de "O Sol na Cabeça", "A Vida Invisível", vencedor da secção Un Certain Regard em Cannes, em 2019, e de "O Marinheiro das Montanhas", também apresentado no festival francês, o cineasta brasileiro Karim Aïnouz prepara o seu primeiro trabalho em língua inglesa. Michelle Williams e Jude Law são os nomes falados para o elenco. A ideia é recuperar a vida de Catherine Parr, a última das seis mulheres de Henrique VIII, o monarca britânico muito dado a criar religiões e a massacrar esposas por conveniência.
Realização: Kelly Reichardt
Produção: EUA
Trabalho que se segue a "First Cow - A Primeira Vaca da América", de uma das mais interessantes realizadoras do panorama norte-americano atual. Retrato vibrante e engraçado de uma artista antes de uma exposição que irá a mudar a sua carreira. À medida que circula entre família, amigos e colegas, o caos da vida torna-se inspiração para mais arte.
Realização: Lucrecia Martel
Produção:Argentina, EUA, México
Muito atenta a temas como desigualdade social, os efeitos duradouros do colonialismo, a cineasta argentina prepara a estreia do lado da não-ficção com um filme sobre o assassinato do activista indígena Javier Chocobar e a expulsão da sua comunidade das terras ancestrais.
Realização: Martin McDonagh
Produção: Reino Unido, EUA
Filma pouco, mas bem, o britânico Martin McDonagh. Depois do sucesso coroado com Óscares de "Três Cartazes à Beira da Estrada", volta a reunir-se com os seus parceiros de "Em Bruges", Brendan Gleeson e Colin Farrell, para rodar uma história irlandesa sobre o conflito que nasce entre dois amigos de longa data quando um deles termina abruptamente a amizade, um facto que terá alarmantes consequências para ambos.
Realização: Martin Scorsese
Produção: EUA
Durante os anos de 1920, nas terras ricas em petróleo da Nação Osage, no estado norte-americano do Oklahoma, uma sucessão de assassinatos brutais, que ficou conhecida como o Reino do Terror, desencadeia uma investigação em grande escala por parte do recém-formado FBI.
Realização: Mia Hansen-Løve
Produção: França, Alemanha
Premiada em Cannes, vencedora de um Urso de Prata pela realização de "L'Avenir", Mia Hansen-Løve prepara agora a história de uma jovem mãe que cria a filha de oito anos num pequeno apartamento parisiense. Enquanto luta com a burocracia para garantir cuidados adequados para o pai que sofre de uma doença neurodegenerativa, cruza-se com um velho amigo. Apesar de ele já estar numa relação, iniciam uma relação apaixonada.
Realização: Miguel Gomes
Produção: Portugal, França, Brasil, Alemanha, México
É quase certo que não estará pronto em 2022, graças aos constrangimentos da pandemia. Mesmo assim será um dos títulos a manter debaixo de olho. Em desenvolvimento desde 2015, "Selvajaria" é uma adaptação livre do romance "Os Sertões", de Euclides da Cunha, crónica da guerra que ocorreu em 1897 entre os habitantes da vila de Canudos e o exército da então jovem república brasileira.
Realização: Lav Diaz
Produção: Filipinas
O incansável Lav Diaz apresentou um novo filme em 2021 (Historya ni Ha), prepara este "Servando Madgamag", história de uma família de fazendeiros no rescaldo da morte do seu patriarca, para 2022, e tem em mãos "Henrico's Farm" e "When the Waves Are Gone". Nome maior do cinema atual do seu país, só em 2013 ganhou nome internacionalmente quando "North, the End of History" surpreendeu na secção Un Certain Regard de Cannes. Depois disso, foi premiado em Locarno e em 2016 triunfou em Veneza com "The Woman Who Left".
Realização: Noah Baumbach
Produção:EUA
Praticamente todas as opiniões sobre este projeto dizem que não vai ser tarefa fácil adaptar o livro homónimo de Don DeLillo. Depois de "The Meyerowitz Stories" e "Marriage Story", Baumbach tem aqui um desafio enorme: passar ao ecrã um ano na vida de Jack Gladney, professor num bucólico colégio do centro-oeste que fez nome ao ser pioneiro no campo dos estudos de Hitler. Casado cinco vezes com quatro mulheres, vive com a actual esposa, Babette, e um extenso grupo de filhos e enteados. A tranquilidade da sua existência é quebrada por um cataclísmico acidente que lança resíduos químicos sobre a cidade.
Realização: Park Chan-wook
Produção: Coreia do Sul
O próximo filme do realizador de "Oldboy" e "The Handmaiden" é um drama policial. Hae-jun trabalha como detective. É educado para com os outros, mas apaixonado na investigação dos casos. Ao investigar um caso de morte não natural que teve lugar numa montanha encontra Seo-rae, a ex-mulher do falecido. Desconfia dela, mas também se sente atraído por ela.
Realização: Paul Schrader
Produção: EUA
Embalado por "The Card Counter", Paul Schrader parece ter encontrado um novo fôlego na sua já longa carreira. Sigourney Weaver e Joel Edgerton protagonizam a história de Narvel Roth, um horticultor meticuloso que se dedica a cuidar dos terrenos de uma bela propriedade e a fazer favores à sua patroa, a abastada Sra. Haverhill. Quando ela exige que ele tome conta da sua perturbada sobrinha-neta, Roth desvenda os segredos sombrios de um passado violento.
Realização: Peter Strickland
Produção: Reino Unido
Apesar de uma curta e errática carreira no cinema, intercalada com vídeos musicais e o ocasional documentário, Peter Strickland ganhou prestígio entre os apreciadores de cinema pela distância que religiosamente guarda das convenções e pela qualidade das suas obras. Naquele que parece ser o seu maior projeto até ao momento, Strickland prepara a sátira "Flux Gourmet", passada num instituto dedicado à ciência culinária e alimentar, onde um grupo se envolve em lutas de poder, vinganças artísticas e distúrbios gastrointestinais. Asa Butterfield, Gwendoline Christie e Ariane Labed integram o elenco.
Realização: Robert Eggars
Produção: EUA
Thriller épico que explora o quão longe um príncipe Viking irá para vingar o pai assassinado, aparece na filmografia de Eggars após "O Farol" e "A Bruxa", títulos que deram a conhecer um dos mais recentes e interessantes valores do cinema norte-americano. O elenco é de primeira água: Alexander Skarsgård, Nicole Kidman, Claes Bang, Anya Taylor-Joy, Ethan Hawke, Björk e Willem Dafoe.
Realização: Ruben Östlund
Produção: Suécia, Reino Unido, EUA, França, Grécia
Em produção desde 2020, afetado pela "gripezinha passageira" que tem marcado a atualidade mundial, "Triangle of Sadness" é uma sátira ao mundo dos muito ricos que começa num cruzeiro a bordo de um iate de luxo e toma um rumo inesperado quando o capitão, um marxista convicto, decide afundar a embarcação. Termina numa ilha deserta onde as hierarquias são viradas de cabeça para baixo quando se descobre que a senhora da limpeza é a única que sabe cozinhar. O título refere-se a um termo usado por cirurgiões plásticos para a correção de rugas entre os olhos com recurso a Botox. É o mais recente filme do cineasta sueco que antes nos trouxe "O Quadrado" (Palma de Ouro em Cannes 2017) e "Força Maior".
Realização: Santiago Mitre
Produção: Argentina, Bélgica, Espanha, França
José, um argentino que se mudou recentemente para França com a namorada e a filha, conhece o seu vizinho. Enquanto ouvem a peça de jazz Petite Fleur, ele mata o seu novo amigo por impulso. o dia seguinte, para espanto de José, o vizinho está tão saudável como sempre. Decide matá-lo novamente. E assim, José desenvolve uma estranha rotina: tomar conta do bebé e da casa, tentar salvar o seu casamento... e matar o vizinho.
Realização: Sarah Polley
Produção: Canadá, EUA
A cineasta canadiana que nos trouxe "Histórias Que Contamos" regressa às longas-metragens após quatro anos dedicada à televisão, onde assinou as séries "Alias Grace" e "Hey Lady!". Em "Woman Talking" adapta o livro homónimo de Miriam Tows sobre um grupo de mulheres numa comunidade religiosa menonita isolada na Bolívia que luta para reconciliar a sua fé com uma série de agressões sexuais cometidas pelos homens da colónia.
Realização: Hirokau Kore-eda
Produção: Japão, Coreia do Sul
O título refere-se a caixas aquecidas onde é possível deixar bebés para adoção, anonimamente. O filme acompanha um grupo de pessoas reunidas por uma destas caixas que parte numa viagem que os levará a destinos que nunca esperaram. Prémio do Júri de Cannes em 2013, por "Tal Pai, Tal Filho", e Palma de Ouro em 2018 por "Shoplifters - Uma Família de Pequenos Ladrões", o japonês está em fase de pós-produção do seu primeiro filme em coreano que conta conta presença no elenco de nomes como Song Kang-ho, de "Parasitas" e a cantora e compositora Lee Ji-eun, mais conhecida como IU.
Realização: Steve Soderbergh
Produção: EUA
Uma informática agorafóbica descobre provas de um crime violento durante uma inspeção de rotina a um fluxo de dados. Tenta reportá-lo às chefias da sua empresa, mas perante a resistência e a burocracia, percebe de terá de fazer aquilo que mais teme - sair do seu apartamento.
Realização: Wes Anderson
Produção: EUA
Ainda com "Crónicas de França" bem próximo, o novo filme de Wes Anderson foi rodado em Espanha, nos arredores de Madrid, durante o verão de 2021 e descrito como uma comédia romântica envolvendo um grupo de adolescentes.
Realização: Yorgos Lanthimos
Produção: EUA, Irlanda
Bem mais domesticado do que nos tempos em que filmava na sua Grécia natal, Yorgos Lanthimos continua a ser um cineasta interessante. Após o sucesso de "A Favorita" propoem agora um conto de amor, descoberta e ousadia científica, passado na era vitoriana. Victoria McCandless afoga-se para escapar ao marido abusivo. É trazida de volta à vida por um brilhante e excêntrico cientista chamado Godwin Baxter. Ele substitui o cérebro de Victoria e muda-lhe o nome para Belle Baxter. Godwin vê os seus sonhos científicos realizados através de Belle, mas tem de lidar com um marido ciumento que descobre a experiência.
Uma jovem japonesa estuda numa escola de teatro em Paris, onde ganha novos valores e energia para o seu futuro através do encontro com pessoas de diferentes proveniências.