Cartaz de cinema

Adeus a Agnès Varda

Publicado em 30 Mar. 2019 às 09:09, por Samuel Andrade, em Notícias de cinema (Temas: Obituário, Cinema Europeu)

Adeus a Agnès Varda

A realizadora morreu em Paris aos 90 anos após uma prolífica carreira no cinema e na fotografia.

Agnès Varda, realizadora francesa de origem belga, será para sempre recordada como um dos nomes fundamentais para o estabelecimento da Nouvelle Vague. Numa carreira com mais de seis décadas, que a manteve em contínua atividade criativa (o seu último trabalho, "Varda par Agnès", foi apresentado no Festival de Berlim no passado mês de Fevereiro), a cineasta revelou uma constante preocupação em infundir, nos seus documentários e dramas realistas, temáticas como o feminismo, diferenças sociais, a importância da Arte para as sociedades contemporâneas e a própria mortalidade humana.

Formada na Escola de Belas Artes de Paris, Agnès Varda aproveitou uma breve experiência como fotógrafa profissional para preparar os seus primeiros filmes: "La Pointe Curte" (1955) e, sobretudo, "Cléo de 5 à 7" (1962), uma das suas obras mais famosas, colocaram-na no centro dos primeiros anos da Nouvelle Vague, tornando-se pioneiro daquele movimento e destacando-se num meio praticamente dominado por homens.

Para além de filmes como "A Felicidade" (1965, pelo qual venceu o Urso de Prata, para Melhor Realizadora, no Festival de Berlim) e "Sem Eira Nem Beira" (1985, Melhor Filme em Veneza), a filmografia de Agnès Varda distinguiu-se na produção de diversos documentários de forte cariz social e político. Nesses trabalhos, a cineasta abordou a Revolução Cubana na curta-metragem "Salut les Cubains" (1963), a Guerra do Vietname no filme coletivo "Longe do Vietnam" (1967), a luta pelos direitos civis nos Estados Unidos da América em "Black Panthers" (1968), o feminismo em "Réponses de femmes: Notre corps, notre sexe" (1975) e as condições de vida da classe trabalhadora francesa em "Os Respigadores e a Respigadora" (2000).

Ainda no campo documental, realce obrigatório para os filmes autobiográficos que compôs, "As Praias de Agnès" (2008) ou "Les demoiselles ont eu 25 ans" (1993) e "L'Univers de Jacques Demy" (1995), ambos sobre o realizador Jacques Demy e de quem Agnès Varda foi companheira durante 30 anos.

O consenso crítico e popular em torno do trabalho de Agnès Varda ficou refletido nos vários prémios que recebeu ao longo da sua carreira, de que se salienta o Oscar Honorário que lhe foi entregue, em 2017, por Angelina Jolie:

Agnès Varda faleceu na noite de quinta para sexta-feira, em Paris, aos 90 anos.