Cartaz de cinema

75.ª edição do Festival de Cinema de Berlim arranca hoje em clima político intenso

Publicado em 13 Feb. 2025 às 10:06, por filmSPOT, em Notícias de cinema (Temas: Festivais de cinema)

75.ª edição do Festival de Cinema de Berlim arranca hoje em clima político intenso

O novo filme do realizador de "Run Lola Run" e um Urso de Ouro honorário para Tilda Swinton vão ser os momentos altos do primeiro dia.

A 75.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim tem início esta noite, numa Alemanha marcada por intensa campanha eleitoral. O evento, um dos mais prestigiados do mundo cinematográfico, decorre até 23 de fevereiro, véspera das eleições legislativas antecipadas que poderão dar uma votação histórica à extrema-direita.

Uma nova diretora, a norte-americana Tricia Tuttle, que anteriormente liderava o Festival de Cinema de Londres, estreia-se com o enorme desafio revitalizar a Berlinale e devolver-lhe um papel central no circuito cinematográfico internacional.

A cerimónia de abertura será marcada ainda pela entrega do Urso de Ouro honorário à atriz Tilda Swinton, figura emblemática do cinema independente.

Conhecido pelo caráter progressista, o festival berlinense tem sido tradicionalmente um espaço de reflexão sobre temas sociais e políticos. Em edições anteriores, a presença de representantes do partido de extrema-direita AfD causou desconforto e protestos. Este ano, a edição decorre em clima de forte tensão política, com os comentários das personalidades presentes a serem seguidos com atenção, sobretudo os de realizadores e atores alemães.

O filme de abertura, "The Light", de Tom Tykwer, aborda questões atuais, acompanhando a história de uma imigrante síria contratada como governanta por uma família berlinense. Famoso por "Run, Lola, Run", de 1998, Tykwer regressa à Alemanha contemporânea após à série televisiva "Babylon Berlin", um policial que decorre no início do século XX, durante a República de Weimar, e acompanha a ascensão do nazismo.

Ao longo do festival, 19 filmes disputarão o Urso de Ouro, com a decisão final a cargo do júri presidido por Todd Haynes. Entre os concorrentes estão "Blue Moon", de Richard Linklater (EUA), "Kontinental '25", de Radu Jude (Roménia), e "Hot Milk", estreia na realização da argumentista Rebecca Lenkiewicz (Reino Unido).

Competição pelo Urso de Ouro

Os 19 filmes que o júri presidido por Todd Haynes avaliará são:

  • "Ari", de Léonor Serraille (França) – Drama que acompanha uma jovem mãe solteira enquanto tenta equilibrar a vida profissional e pessoal em Paris e enfrentar os desafios da maternidade.
  • "Blue Moon", de Richard Linklater (EUA) – Cinebiografia do letrista Lorenz Hart, que retrata a sua colaboração com Richard Rodgers e os seus conflitos internos, incluindo a luta contra o alcoolismo, num retrato sensível do mundo do teatro musical.
  • "La Cache", de Lionel Baier (Suíça) – Thriller que segue um jornalista em busca de um informador desaparecido, levando-o a descobrir uma rede clandestina que poderá mudar a sua vida.
  • "Dreams", de Michel Franco (México) – Um drama romântico sobre uma socialite que se apaixona por um bailarino imigrante, explorando as barreiras sociais e as mudanças que surgem com o amor.
  • "Dreams (Sex Love)", de Dag Johan Haugerud (Noruega) – Filme que examina a complexidade dos relacionamentos modernos através de múltiplas histórias interligadas, que abordam o desejo e a intimidade.
  • "What Does That Nature Say to You", de Hong Sang-soo (Coreia do Sul) – Um poeta acompanha a namorada numa visita à casa dos pais dela, onde se vê envolvido em longas conversas filosóficas sobre a natureza e a existência.
  • "Hot Milk", de Rebecca Lenkiewicz (Reino Unido/Espanha) – Baseado no romance de Deborah Levy, este filme segue a viagem de uma mãe e da sua filha para Espanha, onde procuram uma cura para a doença misteriosa da mãe, enquanto exploram a sua relação tensa.
  • "If I Had Legs I'd Kick You", de Mary Bronstein (EUA) – Drama familiar protagonizado por Rose Byrne, no qual uma mãe enfrenta os desafios de lidar com a condição debilitante do filho, levando-a a repensar a sua própria vida.
  • "Kontinental '25", de Radu Jude (Roménia) – Um olhar crítico sobre o nacionalismo e a crise habitacional, centrado numa agente judicial atormentada pela culpa após o suicídio de um homem despejado por sua ordem.
  • "El Mensaje", de Iván Fund (Argentina) – A história de uma jovem que parte em busca do pai desaparecido, numa viagem que revelará segredos inesperados sobre a sua família.
  • "Mother's Baby", de Johanna Moder (Áustria) – Drama que aborda as mudanças na vida de uma mulher de 40 anos quando descobre que está grávida e a sua luta para criar laços com o  filho recém-nascido.
  • "O Último Azul", de Gabriel Mascaro (Brasil) – Num Brasil distópico onde os idosos são transferidos para colónias de exílio, uma mulher de 77 anos decide partir numa viagem pela Amazónia para concretizar o seu último desejo.
  • "Reflet dans un diamant mort", de Hélène Cattet e Bruno Forzani (Bélgica/França) – Thriller experimental que mistura elementos do cinema noir e do surrealismo, acompanhando a busca de um detetive por um diamante desaparecido.
  • "Living the Land", de Huo Meng (China) – Um retrato sensível da vida rural na China contemporânea, explorando os desafios enfrentados por uma comunidade agrícola e o impacto das mudanças sociais.
  • "Timestamp", de Kateryna Gornostai (Ucrânia) – Documentário que retrata o impacto da guerra nas escolas, mostrando a resiliência de alunos e professores que tentam manter um sentido de normalidade.
  • "The Ice Tower", de Lucile Hadžihalilović (França) – Marion Cotillard protagoniza esta obra metacinematográfica, onde uma atriz se envolve na rodagem de um filme enigmático, dirigido por um realizador controverso.
  • "What Marielle Knows", de Frédéric Hambalek (Alemanha) – Thriller centrado em Marielle, uma mulher que descobre informações comprometedoras sobre uma figura política influente, colocando a sua vida em perigo.
  • "Girls on Wire", de Vivian Qu (China) – Drama sobre uma mãe solteira que, após matar um traficante em legítima defesa, tem de proteger a filha enquanto foge das consequências.
  • "Yunan", de Ameer Fakher Eldin (Alemanha/Palestina) – Um refugiado encontra abrigo na casa de uma mulher idosa, interpretada por Hanna Schygulla, numa história sobre deslocação e a busca por um novo começo.