Publicado em 18 Ago. 2016 às 18:43, por filmSPOT, em Notícias de televisão e séries
O Eurosport vai transmitir a 71ª edição da Vuelta ao longo de três semanas, entre 20 de agosto e 11 de setembro, num percurso com mais de 3.300km. O canal europeu de desporto estará em direto durante três horas em todas as etapas da última grande volta da temporada.
A edição deste ano promete ser uma das mais competitivas dos últimos anos. As 21 etapas dividem-se entre 7 com perfil plano, 12 de montanha, 1 contrarrelógio individual e 1 contrarrelógio por equipas, logo ao abrir.
Numa espécie de bónus, Alberto Contador (Tinkoff), Nairo Quintana (Movistar) e o tricampeão do Tour, Chris Froome (Sky), voltam a encontrar-se após o primeiro embate em França, do qual o britânico saiu vencedor por KO. Sem a presença do campeão Fabio Aru (Astana), procura-se novo vencedor e há vários outsiders que procuram estrear-se a vencer uma grande, casos de Esteban Chaves (Orica), Steven Kruijswijk (Lotto-Jumbo), ou Miguel Angel Lopez (Astana).
Antevendo a presente edição da Vuelta, Olivier Bonnamici, comentador Eurosport, faz um balanço das outras duas grandes voltas: "Fugindo do politicamente correcto, podemos dizer que a ultima edição do Tour foi uma seca! Não por causa do justo vencedor Chris Froome, mas porque os seus adversários não estiveram à altura do britânico e, mais uma vez no Tour, pelo terceiro ano consecutivo, não houve qualquer suspense acerca do vencedor.
Pelo contrário, as edições mais recentes do Giro e da Vuelta foram mais empolgantes, como na última Vuelta, quando Aru rouba a camisola de líder a Dumoulin na penúltima etapa. E nesta edição da Vuelta 2016 é de prever novamente um argumento digno de Hitchcock, com Froome, Quintana, Contador e dois ciclistas que tanto brilharam no último Giro: Kruisjwijk e Chaves. Mas confesso que a minha expectativa é ver o que vale, durante três semanas, a pérola do ciclismo colombiano: Superman Miguel Angel Lopez!"
Numa Vuelta com o percurso concentrado a norte de Espanha, o Balneário de Laias, em Ourense, marca o arranque com um contrarrelógio por equipas, uma fórmula que se repete desde 2010.
Ainda na primeira semana, dois destaques que podem colocar picante na corrida: a primeira chegada em alto, no Mirador de Ézaro (3ª etapa), cenário para corredores explosivos; e no dia seguinte, o final em San Andrés de Teixido, uma contagem mais dura, de 2ª categoria.
Da Galiza para Castilla y León e logo se chega ao principado de Astúrias. A Vuelta vai sendo progressivamente endurecida até ao primeiro dia de descanso (que só chega após a 10ª etapa). Antes do repouso, uma sequência típica desta região: Alto de La Camperona, Alto del Naranco e Lagos de Covadonga.
Interessante pode ser o dia após o descanso; o reativar dos músculos será feito de forma transitória, numa jornada plana que vai explodir no duríssimo final da 1ª categoria de Peña Cabarga.
Em termos de luta pela geral, desta vez a passagem pelos Pirenéus fica reduzida a dois dias, mas com um dia brutal com mais de 5 mil metros de subida acumulada. O final é no Aubisque, mas antes da categoria especial na meta o pelotão terá de passar três montanhas de 1ª categoria.
Desta vez, as decisões vão jogar-se na Comunidade Valenciana, onde se estreará o final em Alto Mas de la Costa (Penyagolosa) e nas suas rampas que chegam a ter 21% de inclinação.
Seguem-se dois dias na zona de Alicante, região de treino da maior parte das equipas do WorldTour. Primeiro, com destaque para o único contrarrelógio individual desta Vuelta, que terá 37km e final na lindíssima cidade de Calp.
Quem ainda tiver pernas terá uma última oportunidade de fazer diferenças no dia seguinte, com um final original, em plena base militar no Alto de Aitana, uma contagem de 1ª categoria que será precedida de quatro de 2ª categoria.
Tendo em conta que no ano passado Fabio Aru só agarrou a camisola vermelha na última etapa montanhosa, espera-se que com um pelotão mais forte a emoção seja amplificada.
No fim, a festa faz-se na praça Cibeles, em Madrid, como manda a tradição.
Día de descanso em Oviedo
Día de descanso em Castellón
Tiago Machado (Katusha), José Gonçalves (Caja Rural), Sérgio Paulinho (Tinkoff), Mário Costa (Lampre-Merida) e José Mendes (Bora Argon-18) compõem a armada lusitana na Vuelta.
Paulo Martins, especialista em ciclismo do Eurosport, analisa da seguinte forma a participação dos corredores portugueses na prova espanhola:
Tiago Machado (Katusha) – O ciclista português já fez as "Três Grandes". Ciclista maduro, liderou a sua equipa no Giro de Itália"11, ano em que terminou na 20º posição. É a sua quarta presença na Vuelta, tendo alcançado o melhor resultado em 2011, quando terminou no 32º lugar. Na edição deste ano, depois de ter estado ausente e do Giro e do Tour, acredito que a vontade do Tiago em mostrar a sua qualidade vai ser enorme. Tendo em conta que a Katusha não leva Joaquim Rodriguez e Zakarin, os principais líderes da equipa, poderá o português ter nova oportunidade de lutar pelos lugares cimeiros (o Top 15 seria excelente).
José Gonçalves (Caja Rural) - No ano passado fez a estreia numa competição de três semanas, precisamente na Vuelta que concluiu num brilhante 32º lugar, terminando cinco vezes no Top 10 em etapas, uma delas na 2ª posição, apenas batido pelo grande Alejandro Valverde. Dentro de uma Caja Rural que não leva um líder para lutar pela vitória final, acredito que José Gonçalves vai ser um caçador de etapas, tanto em fugas como em chegadas com "colinas duras" no final do dia.
Sérgio Paulinho (Tinkoff) - A experiência está estampada no ciclista português. Leva mais de 12 anos a correr no estrangeiro e irá realizar a 16º participação em grandes Voltas (8 Vueltas). Já venceu etapas no Tour e na Vuelta. Nesta edição, será mais uma vez escudeiro de Alberto Contador. Diz-se que Paulinho é talismã dos seus líderes, quando o português está em competição muitas vezes o seu líder vence, que o diga Contador que venceu o Giro em 2015, o Tour em 2007 e 2009, a Vuelta em 2008, 2012 e 2014 e ainda Alexandre Vinokourov que venceu a Vuelta 2006, sempre ajudados por Paulinho.
Mário Costa (Lampre-Merida) - Apesar de já ter 30 anos, será o estreante da comitiva portuguesa na Vuelta. A equipa italiana deixa de fora as duas principais figuras, Rui Costa - irmão de Mário - e Diego Ulissi. Levando, ainda assim, o fantástico Sul-africano Louis Meintjes, que será o líder da equipa. A missão do Mário será de apoio aos seus colegas; Como objectivo pessoal, acredito que terá o desejo de chegar a Madrid e, se possível, procurar fugas e lutar por uma etapa.
José Mendes (Bora Argon-18) – Vai iniciar a 4ª grande Volta, e a Vuelta pela segunda vez. A sua estreia aconteceu em 2013, ano em que terminou na 22ª posição. Tem 31 anos e maturidade suficiente para voltar a terminar no Top 25, numa Bora- Argon que não tem nenhum ciclista com ambição de terminar no Top 10. O facto de ser o campeão nacional de estrada em Portugal pode dar-lhe uma motivação extra.
A maioria repete presença face a 2015, sendo as exceções José Mendes e Mário Costa. A ausência de Nelson Oliveira, que fez o Tour pela Movistar e que vem de um 7º posto no contrarrelógio olímpico, é a mais notada, já que foi por intermédio do corredor da equipa espanhola que Portugal regressou às vitórias na Vuelta, com o triunfo de Oliveira em Tarazona (13ª etapa).