Cartaz de cinema

Apresentada a edição 2015 do Festival Queer Lisboa

Publicado em 3 Set. 2015 às 12:08, por filmSPOT, em Notícias de cinema (Temas: Festivais de cinema)

Apresentada a edição 2015 do Festival Queer Lisboa

O Queer Lisboa - Festival Internacional de Cinema Queer realiza-se de 18 a 26 de setembro no Cinema São Jorge

Os mais recentes filmes de Karim Aïnouz e Peter Greenaway, com "Praia do Futuro" e "Eiseinstein in Guanajuato", respetivamente, ambos em estreia nacional; a passagem do Queer Art a secção competitiva; a realização de workshops por Marc Siegel e Gustavo Vinagre; o resgate de figuras que fazem a História Queer como Sergei Eisenstein, Elizabeth Bishop, ou Bob Mizer; e uma competição oficial com uma seleção dos filmes queer mais relevantes de 2014 e 2015, onde estão presentes os diferentes olhares deste cinema sobre a crise na Grécia, o estigma do VIH/Sida, a Guerra da Independência da Argélia ou os problemas dos jovens LGBT, são alguns dos destaques da 19ª edição Queer Lisboa 19 – Festival Internacional de Cinema Queer.

Este ano o cinema queer brasileiro volta a estar em destaque, com a exibição de oito filmes deste país, e com a presença em Lisboa de Filipe Matzembacher, Marcio Reolon e Tavinho Teixeira. O festival conta com um total de 76 filmes, provenientes de 34 países.

Alemanha e França são os mais representados, com 12 filmes cada um. Portugal conta com oito filmes programados.

O Brasil é um dos países com maior destaque no Queer Lisboa 19, tendo sido escolhido para a Sessão de Abertura o filme Praia do Futuro (Brasil, Alemanha), realizado por Karim Aïnouz. Nome maior do Cinema Queer atual, o cineasta brasileiro estará presente em Lisboa para apresentar o seu filme. "Praia do Futuro" é protagonizado por Wagner Moura, que interpreta um nadador salvador de Fortaleza que deixa para trás a mãe e o irmão menor, Ayrton, interpretado por Jesuíta Barbosa, encontrando em Berlim uma nova vida.

O filme foi selecionado para a edição de 2014 da Berlinale. No mesmo festival, mas já em 2015, também foi exibido "Beira-Mar", longa-metragem da dupla Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, que integra a Competição de Longas-Metragens. Os dois realizadores também estarão no festival a apresentar este filme sobre os conflitos da juventude e da sexualidade.

Também do Brasil estará presente Gustavo Vinagre, que vai discutir os limites da representação do sexo explícito no workshop "Ver ou não ver, eis a questão", além de apresentar o filme Nova Dubai (Brasil), onde o sexo é utilizado como arma política contra a especulação imobiliária. O filme faz parte da secção Queer Art, que este ano passa a ser competitiva, da qual faz ainda parte a longa-metragem Batguano (Brasil), do também brasileiro Tavinho Teixeira.

A crise na Grécia, as suas implicações na sociedade grega, mas também a posição cultural que este país mediterrânico ocupa, como lugar de fronteira entre o oriente e o ocidente, são questões que o filme "7 Kinds of Wrath", de Christos Voupouras, também procura abordar. Este é um dos dez títulos da Competição de Longas-Metragens. Fazem ainda parte desta competição os títulos "Lilting" (Reino Unido), de Hong Khaou, distinguido no Festival de Cinema de Sundance, história de uma mãe sino-cambojana e de um homem inglês unidos pela dor da perda do mesmo homem, mesmo que não falem a mesma língua; "Das Zimmermädchen Lynn" (Alemanha), de Ingo Haeb, centrado numa zelosa emprega de hotel e numa prostituta; "Amor Eterno" (Espanha), de Marçal Forés, no qual o realizador catalão volta a reinventar o filme de adolescentes, tendo sido distinguido no Sitges – Festival Internacional de Cinema da Catalunha; "Je Suis À Toi" (Bélgica, Canadá), de David Lambert, história de um jovem argentino que para sair do seu país conquista, através da Internet, um padeiro belga gay que lhe paga o bilhete de avião; "Limbo" (Dinamarca, Alemanha), primeira longa-metragem de Anna Sofie Hartmann, sobre a paixão não correspondida de uma aluna pela sua professora; Black Stone (Coreia do Sul, França), última parte de uma trilogia realizada por Gyeong-Tae Roh sobre a poluição ambiental, elevando esta temática a um patamar metafísico, ao cruzá-la com questões ligadas ao VIH/Sida, à imigração e ao nacionalismo; "A Escondidas" (Espanha), de Mikel Rueda, onde o racismo se cruza com a sexualidade na adolescência; e "La Visita" (Chile, Argentina), uma história corajosa sobre transsexualidade realizada por Mauricio López Fernández. Os realizadores Hong Khaou e Mikel Rueda estarão presentes em Lisboa para apresentarem os seus filmes.

Para a Competição de Documentários, "Call Me Marianna" (Polónia), de Karolina Bielawska, é um dos títulos selecionados, numa exibição que contará também com a presença da realizadora. Já Vincent Leclercq, uma das figuras centrais de "Vivant!" (França), documentário de Vincent Boujon, que mostra como ainda hoje persiste o estigma do VIH/Sida, estará presente no festival. Após a sessão Leclercq estará presente num debate com Ricardo Fuertes, do GAT – Grupo Português de Ativistas sobre Tratamentos de VIH/SIDA. Os realizadores Joaquim Pinto e Nuno Leonel também estarão presentes na sessão. A competição integra ainda "El Hombre Nuevo" (Chile, Uruguai), de Aldo Garay, e que este ano recebeu o Teddy Award, na Berlinale, para Melhor Documentário.

A Guerra da Independência da Argélia é o pano de fundo do documentário "La Nuit S"achève" (França, Argélia), de Cyril Leuthy, onde um filho cineasta e o seu namorado acompanham um homem francês que revive a rota do seu exílio. O realizador vem até Lisboa apresentar o filme.

"Welcome To This House" (EUA), documentário da veterana Barbara Hammer sobre a Elizabeth Bishop, estará também em competição, ao lado de "Oriented" (Reino Unido, Israel), de Jake Witzenfeld, que segue a vida de três amigos palestinianos que exploram a sua identidade nacional e sexual em Telavive durante o conflito israelo-palestiniano de 2014, de "Misfits", realizado por Jannik Splidsboel, sobre como um grupo de amigos vive a sua identidade numa sociedade extremamente religiosa, ou de "Alex & Ali" (Turquia, EUA), de Malachi Leopold, sobre dois homens que foram separados após a revolução islâmica. Destaque ainda para "The Battle of the Sexes" (Reino Unido), de James Erskine e Zara Hayes, sobre a mítica partida de ténis entre Billie Jean King e Bobby Riggs, que ficou na história do feminismo, e "The Cult of JT LeRoy" (EUA), documentário de Marjorie Sturm sobre o embuste literário que foi J.T. LeRoy.

Fora da competição será ainda exibido, no âmbito da secção Queer Art, o desafiante documentário "No Place for Fools" (Rússia), de Oleg Mavromatti, um solitário homossexual russo que é também um convertido Cristão-Ortodoxo e ativista pró-Putin, refletindo assim os confrontos ideológicos na Rússia dos nossos dias.

A atriz Lia Gama, o diretor do IndieLisboa Nuno Sena e o produtor e diretor executivo do Euroimages Roberto Olla (na competição de longas-metragens); a jornalista Charlotte Lipinska, o diretor do Temp d"Images António Câmara Manuel (na competição de documentários) e o realizador da RTP Camilo Azevedo (na competição de documentários); a programadora do festival turco Pink Life QueerFest Bilge Tas, o jornalista Jean-Sébastien Chauvin e a atriz Mariana Gaivão (na competição de curtas-metragens); o produtor Pedro Fernandes Duarte, o realizador Diogo Costa Amarante e a atriz Cláudia Jardim (na competição de filmes de escola europeus); e o programador da Berlinale Marc Siegel, o artista e curador Justin Jaeckle e a realizadora Susana de Sousa Dias (na competição Queer Art), compõem o júri da presente edição.

O Queer Lisboa 2015 terminará com a estreia nacional de Eisenstein in Guanajuato (Holanda, México, Finlândia, Bélgica), o mais recente filme do cineasta britânico Peter Greenaway, uma biopic do visionário realizador russo Sergei Eisenstein e da sua misteriosa passagem pelo México.