A história das origens da PIDE - a partir de 29 de maio na RTP2

A 28 de maio de 2016 passam 90 anos sobre o golpe militar liderado por Gomes da Costa que instaurou em Portugal uma ditadura que viria a durar 48 anos. Ainda em 1926, é criada a primeira polícia política destinada a proteger o novo regime.

Em Portugal a designação PIDE é usada para referir a polícia política da Ditadura Militar e do Estado Novo. PIDE tornou-se o nome pelo qual ficaram conhecidas todas as polícias que, desde 1926, se ocuparam da repressão política em Portugal. Uma força que, ao longo do tempo mudou de nome várias vezes. Foi Polícia de Informações de Lisboa (PIL); Polícia de Informações do Porto (PIP); Polícia de Informações do Ministério do Interior (PIMI); Polícia Internacional Portuguesa (PI); Secção de Vigilância Política e Social da PSP; Polícia de Defesa Política e Social (PDPS) e PVDE (Polícia de Vigilândia e Defesa do Estado) até 1945.

A PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado) surgiu apenas em 1945, quando Salazar procedeu a uma mudança cosmética do nome, procurando dar uma imagem de abertura do regime após as derrotas dos fascismos na Segunda Guerra Mundial. A instituição continuou a funcionar na mesma sede, com os mesmos agentes e diretores.  

Aqueles que, em 1945, ficaram encarregados de dirigir a nova instituição, formada em 22 de outubro de 1945, já tinham fundado não só a PVDE, em setembro de 1933, mas também a instituição antecessora, a Polícia Internacional Portuguesa, em 1931. Estes homens iniciaram um reinado de poder antes mesmo do próprio Salazar. Gente com vidas quase desconhecidas e cujos nomes hoje já praticamente ninguém conhece.

A série "A PIDE Antes da PIDE" resulta de uma investigação sobre a polícia política nos primeiros 19 anos do regime da ditadura militar e do Estado Novo, procurando responder à questão: Que papel desempenharam então as polícias políticas na afirmação da Ditadura Militar e no autoritarismo salazarista?

O primeiro episódio, "O Arquiteto da PIDE", dá a conhecer Agostinho Lourenço, diretor da Polícia Internacional em 1931, primeiro diretor da PVDE (1933) e da PIDE (1945), um dos homens-chave do regime salazarista. Foi ele que comandou durante 25 anos os serviços secretos portugueses e a sua temida máquina de repressão política, sustentada na tortura e nos informadores. Ele era o "anjo negro" de Salazar, um nome temido dentro do regime, mas, ainda hoje, praticamente desconhecido dos portugueses.

A série documental em nove episódios, realizada por Jacinto Godinho, com coordenação científica de Irene Pimentel, começa por relatar as investigações para descobrir o espólio e o passado do capitão Agostinho Lourenço, procurando saber a origem do seu poder político. A biografia dos primeiros anos de vida do temido diretor da PIDE acompanha o início da sua carreira militar. Lourenço fez parte do primeiro contingente militar português que, em 1916, treinou em Tancos para mais tarde, no início de 1917, partir para França e lutar nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial.

A sua vida serve também para narrar as origens das organizações que em Portugal exerceram a repressão política desde os tempos da monarquia até à república, e explicar as razões históricas do golpe militar que instaurou a 28 de maio de 1926 o regime da ditadura militar.

 "A Pide Antes da Pide" estreia domingo, 29 de maio, às 21h30, na RTP2.